sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Qual a dimensão que a SABESP, o Governo do Estado de São Paulo e a população têm das consequências desta crise?

Ao contrário do que é veiculado pela mídia, o nível do reservatório Cantareira não subiu uma vez sequer com essas últimas chuvas. Entre 06 de novembro e 05 de dezembro (hoje, encerrado ontem), houve uma queda de 3,42% no nível do reservatório.
Em números absolutos, isto representa um déficit de 33 milhões de m³ no balanço hídrico do reservatório, ou aproximadamente 1,1 milhão de m³ por dia.
Considerando que iniciamos o dia de hoje com um volume de 7,97% ou 75,7 X 106/m³ e a demanda é 1,1 X 106/m³/dia, precisamos que precipite durante este e o próximo mês o mesmo volume da demanda para que mantenhamos por volta de 60 dias à frente o fantasma do esgotamento total.
Porém, se considerarmos também o mesmo período do ano passado, onde o Sistema apresentou também um balanço negativo com queda de 4,29% e que a previsão de chuvas é de que esta tendência abaixo da média venha a se manter, as perspectivas são péssimas. Este é o cenário atual, sem maquiagens.

Vamos supor então que as preces são atendidas com bônus e caia um volume três vezes maior que o déficit, isto é, 100 milhões de m³!!! Puxa, seriam 100 - 33 = 77 milhões de m³ a mais nos reservatórios por mês até acabar o verão!!!
O verão dura 3 meses, então teríamos ao final do período de chuvas um nível no Cantareira de... escassos 32% cujos volumes mortos já não existiriam mais. Em seguida, voltaríamos ao início do longo período de estiagens COM OS RESERVATÓRIOS AINDA PRECÁRIOS!!!

Mas o que realmente assusta é assistir aos noticiários e verificar que as considerações dizem respeito à médio e longo prazo. Irresponsavelmente os nossos gestores da água continuam contando com as chuvas de verão e a bondade de São Pedro e até oram a Deus.



CPI da Sabesp: vereador tucano culpa São Pedro pela crise da água


Vereadores e diretor da Sabesp fazem oração por chuva em São Paulo para amenizar seca

Enquanto isso a SABESP, cujo santo padroeiro a partir de agora é São Pedro, segue sua vida normalmente e publicou sua nova tabela de preços a vigorar a partir de 27/12/2014. Confiram a atual e a próxima:

Tabela de preços em vigor até 26/12/2014

Tabela de preços em vigor de 27/12/2014 em diante

Na minha humilde opinião, aqui no Brasil, quando é necessário que uma norma ou lei seja cumprida, a única forma é mexer no bolso das pessoas que descumprem a determinação. Foi assim com a obrigatoriedade do cinto de segurança, a lei antifumo, a lei seca, etc.
Quando o assunto é consumo, já ficou provado que não cumprir metas não pode levar ao pagamento de multas, pois é inconstitucional. Mas nada impede de aumentar-se as tarifas. Vejamos os preços atuais:


  • A tarifa normal mais barata passa de R$ 0,0034 para R$ R$ 0,0036 (sim, milésimos de centavos...) e a mais cara passa de R$ 0,0145 para R$ 0,015.

Senhoras e senhores, estes são valores ridículos POR LITRO DE ÁGUA TRATADA E TRANSPORTADA ATÉ SEU LAR, JUNTAMENTE COM A COLETA DE ESGOTO.


Comentei já isto em outras redes sociais: O reajuste deveria ser de 200% pois há escassez de água, desconto não funciona e o rodízio sequer é cogitado.

Para minha surpresa, a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental - ABES/SP publicou uma entrevista com o presidente do Conselho Mundial da Água, Sr. Professor Benedito Braga, o qual comunga da minha opinião. Eis alguns trechos:

"[...] não dá pra fazer a afirmativa que a escassez de água é devido às mudanças climáticas.


"Eu acho que a única forma a curto prazo de tratar esse problema é reduzir o consumo. Nós não temos nenhuma alternativa viável a curto prazo para trazer mais água para a população".

"A única alternativa que temos pra enfrentar a crise no curto prazo é reduzir consumo e a minha visão é de que as pessoas só entendem que um bem é escasso e precioso quando o custo dele é alto".


"A única coisa que funciona é o bolso, o sinal econômico. Propaganda em televisão já foi tentada, a Sabesp já fez isso. Mudar o padrão de consumo só através do mecanismo econômico".



Pois bem, mas há quem considere isto "um absurdo":

Moradores de São Paulo mostram indignação com aumento na tarifa da água

Qual a verdadeira dimensão que o povo paulista e paulistano têm da atual crise hídrica?
Qual a verdadeira dimensão que a SABESP e o Governo do Estado de São Paulo têm das consequências de sua inércia?


Enquanto isso, aos religiosos resta rezar. Como não sou religioso (sou "deísta"), escrevo...

Até a próxima.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

A sustentabilidade e a Black Friday

Disseminar a sustentabilidade não é fácil. A cada passo dado, arduamente, na direção da racionalização, vários são dados na direção contrária.

Semeamos solitariamente, todos os dias, a semente da conscientização ambiental e sustentável junto a empresários, governos, familiares, amigos, colegas e vizinhos sobre os malefícios de se consumir algo apenas para satisfazer uma necessidade emocional, social ou psicológica em detrimento dos recursos naturais não renováveis envolvidos.
Mas cada Dia das Crianças, dos Pais, Mães, "Halloween", Natal, Páscoa e tantos outros dias comerciais do gênero agem como enxurradas e erodem o solo fértil e levam as sementes embora...

A forma como escrevo pode até remeter à uma certa religiosidade. Mas se raciocinarmos bem, há realmente um certo paralelo entre estes ideais. Afinal, a natureza é onipresente, está em todos os lugares. Além disto, reage a toda e qualquer ação ou alteração em seu meio por meio da comunicação entre seus sistemas ambientais e de vários ciclos, portanto também é onisciente. Finalmente, sendo a única fonte de recursos para todas as ações humanas e capaz de destruir cidades inteiras através de suas forças naturais, é onipotente.

Onipresente, onipotente e onisciente. Deus? Não, simplesmente a Natureza.
Com a tônica deste meu comentário, alguns poderiam achar que eu enxergo a Black Friday, com relação à sustentabilidade, como uma espécie de adoração ao demônio!!! Afinal, seu nome nos diz que hoje é uma Sexta-feira Negra...

Pessoal, cultuar o meio ambiente sim, mas sem fanatismos; com paixão mas dentro da razão e com consciência.
Para as pessoas agraciadas com um pouco de conhecimento sobre as consequências sociais e ambientais que este consumismo desenfreado pode trazer, esta realmente é uma sexta-feira negra.

O que mais entristece é ver empresas engajadas publicamente no desenvolvimento sustentável participando ou divulgando este "sabá".


Assistam este vídeo de 12 minutos chamado "A História das Coisas". Muito conveniente para este dia.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Jornalismo Fantástico - Meias verdades convenientes

Venho insistindo com certa frequência em trazer às claras determinadas matérias jornalísticas sensacionalistas, obscuras, tendenciosas ou simplesmente medíocres, veiculadas por mídias de diferentes grupos ou empresas de comunicação, restringindo-me às áreas que possuo algum conhecimento.
Já comentei sobre "lendas urbanas", sobre a "acidez que aumenta a alcalinidade" e agora apresento-lhes uma dobradinha: as "meias verdades".


A escassez hídrica é o assunto do momento. Tem que ser mesmo, afinal estamos falando da substância mais preciosa do Universo: A água. Porém, o que mais impressiona é a facilidade com que algumas pessoas tiram proveito de um momento tão dramático, um momento jamais vivido mas previamente anunciado, para se autopromover. O que é pior: Autopromover-se às custas de meias verdades.
Antes de entrar no fato em si, farei uma pequena mas fundamental menção legal. Isto fará com que os títulos das matérias objeto desta postagem indique a direção tomada pelas mídias e coloque em dúvida sua verdadeira intenção.

Água de Reuso

Não há no Brasil qualquer fundamento legal expresso que proíba reusar água de esgoto doméstico para fins de consumo humano. Também não há nada que permita. As poucas regulamentações que existem no Brasil direcionam o uso dessas águas para fins não potáveis.

"Se não há legislação ou restrições sobre o assunto, então nada impede que seja praticado!!" Isto estaria certo ou errado? Vejamos:


  • As atividades da administração pública, direta ou indireta, suas autarquias, empresas públicas ou mistas e de seus empregados públicos e servidores concursados, de seus servidores com cargos em confiança ou com mandatos eletivos, são regidas por lei. Portanto, todos estes "caras" somente podem fazer aquilo que a lei determina (Obs.: entenda-se por leis, além destas propriamente ditas, as resoluções, as normas de condutas dos servidores, os manuais de serviço, etc.).


Todos os decretos, leis e resoluções apontam sempre para a captação de água em um corpo hídrico ou em um poço. Não há quaisquer indícios sobre uma permissão para o consumo humano de água de reuso originada em esgotos sanitários. Se a lei não especifica, o poder público não tem autonomia ou vontade própria para agir. Vejamos alguns exemplos:

- A Resolução CONAMA 357/2005, entre outras coisas, classifica os corpos d'água. Ela preceitua em seu artigo 4º que as águas doces de classes Especial, I, II e III e as águas salobras de classe I, de maneira geral, podem ser destinadas ao abastecimento público, com algumas ressalvas sobre os tipos de tratamentos, de acordo com a classe.

- Já na Resolução CONAMA 430/2011, complementando a 357/2005, regula os padrões e condições de lançamentos de efluentes, orientando o tratamento de acordo com a classe do corpo hídrico que irá recebê-lo.

- A NBR 13.969: 1997 – Tanques sépticos – Unidades de tratamento complementar e disposição final dos efluentes líquidos - Projeto, construção e operação, orienta que: No caso do "esgoto de origem essencialmente doméstica ou com características similares, o esgoto tratado deve ser reutilizado para fins que exigem qualidade de água não potável, mas sanitariamente segura, tais como irrigação dos jardins, lavagens dos pios e dos veículos automotivos, na descarga dos vasos sanitários, na manutenção paisagística dos lagos e canais com água, na irrigação dos campos agrícolas e pastagens, etc."

"Então uma empresa privada, que tem concessão para tratar e abastecer uma população, poderia tratar água de reúso com finalidade potável!!"

Apesar de tratar-se de uma empresa privada, a concessão é de serviço público regido por uma agência reguladora pública, portanto valem as mesmas regras: fazer apenas o que a lei determina.


Com esta introdução, podemos passar às notícias... (para acessá-las basta clicar nos títulos)


Caso 1 - Revista VEJA eletrônica:


Campinas usará água de esgoto tratada para consumo

Este título remeteria o leitor a imaginar exatamente o que ele diz: Água de esgoto tratada para ser consumida pela população. O subtítulo deixa claro que hoje já é produzida água de reuso, mas não potável, o que deixa margem à interpretar que a coisa será realmente desta forma. Porém, lendo a matéria, percebe-se que a tentativa do título era apenas atrair os navegantes ávidos por qualquer boa notícia sobre a crise hídrica.
Para pessoas com algum conhecimento na área, fica claro que a única providência será construir longas adutoras e transportar a água de reuso até o rio Capivari, onde será lançada, diluída no rio e captada para o processo tradicional de tratamento e distribuição.

Segundo a reportagem, esse efluente terá qualidade superior à do rio pois a eficiência do tratamento será de impressionantes 99%. Neste ponto caberia uma pergunta: "Se a qualidade do efluente é superior à do rio, porque então não fazer o reuso direto, potabilizando-a e distribuindo-a?"
A resposta é simples: Eles somente podem fazer o que a legislação permite, isto é, lançar um efluente de qualidade tal que não afete a classe do corpo d'água.
Portanto, o título da matéria não condiz com a legalidade, tão pouco com o próprio texto, o que fica latente neste trecho: "A água de reúso será adicionada ao volume do rio e passará por um novo tratamento, o que permitirá o fornecimento à população."

"A ideia então não merece crédito ou elogio?"  - Depende:

Se a produção dessa água de reuso estiver hoje em y m³/s e passar a ser de xy m³/s, a atitude é maravilhosa. Mas se eles pensam em apenas transportar a mesma quantidade de um lugar para outro, então estarão apenas "cobrindo um santo e descobrindo outro".


Passemos à próxima...


Caso 2 - G1 Bom Dia Brasil:




Novamente a manchete não condiz com a real intenção. O subtítulo, que parece estar mais próximo da verdade, também é omisso ao resumir que será despejada uma água tratada. Tratada como? E para quais fins: Potáveis ou não potáveis?
O texto agrava ainda mais o contexto quando diz que a medida "já é usada em outras cidades grandes do mundo, inclusive uma cidade do interior de São Paulo, Campinas." Eu citei logo acima que a cidade de Campinas está INICIANDO AS OBRAS, que ficarão prontas em UM ANO E MEIO!!! Portanto essa informação de "já é usada [...] em Campinas" é uma grande mentira.


O procedimento técnico é diferente daquele a ser implantado em Campinas. Neste projeto o esgoto doméstico in natura de milhões de moradores coletado na região, que antes seguia para tratamento até a ETE Barueri, seguirá para uma EPAR. Desse ponto em diante, a solução será a mesma: Água de reuso despejada em corpo hídrico.


Continuando a ler o texto da matéria encontramos outro parágrafo inverídico:

"Esse esgoto, transformado em água de reuso, vai ser destinado ao consumo humano depois de passar pelas estações de tratamento".

Não!! Após ser "transformado" (??) em água de reuso, ele será despejado na represa e diluído em suas águas. Somente será destinado ao consumo humano após a captação e tratamento para sua potabilização e distribuição.

De acordo com a CETESB, existem três modalidades de reuso:

  1. Reuso indireto não planejado da água: água servida descarregada no meio ambiente e novamente utilizada a jusante, em sua forma diluída, de maneira não intencional e não controlada. Caminhando até o ponto de captação para o novo usuário, a mesma está sujeita às ações naturais do ciclo hidrológico (diluição, autodepuração);
  2. Reuso indireto planejado da água: efluentes tratados e descarregados de forma planejada nos corpos de águas superficiais ou subterrâneas, para serem utilizadas a jusante, de maneira controlada, no atendimento de algum uso benéfico;
  3. Reuso direto planejado das águas: os efluentes tratados e encaminhados diretamente de seu ponto de descarga até o local do reuso, não sendo descarregados no meio ambiente. É o caso com maior ocorrência, destinando-se a uso em indústria ou irrigação.

Fica claro no reuso direto planejado que, no Brasil, esta modalidade destina-se a uso em indústria ou irrigação. Isto reforça a tese de que a utilização da água de reuso para fins potáveis ainda não é permitida por aqui.


O artigo 5º da Resolução CONAMA 430/2011 regula essa iniciativa basicamente desta forma: "Os efluentes não poderão conferir ao corpo receptor características de qualidade em desacordo com as metas obrigatórias progressivas, intermediárias e final, do seu enquadramento" portanto, se a SABESP cumprir as especificações dos parâmetros, estará agindo na legalidade.

Isto significa que a tal EPAR (Estação de Produção de Água de Reuso) deverá tratar o esgoto com tal eficiência que a qualidade do efluente gerado seja igual ou superior à do corpo hídrico, cumprindo as determinações legais.

"Aqui também sobra algo para ser elogiado?" - Sim.

Como dito antes, o esgoto a ser tratado nesta EPAR originar-se-á da coleta residencial da grande população daquela região que, atualmente, têm seus esgotos coletados e direcionados por interceptores localizados às margens do rio Pinheiros, até a ETE Barueri. Esta estação "trata-os" (com baixa eficiência) e os devolve ao rio Tietê, agravando ainda mais a situação daquele corpo hídrico.
A instalação deste sistema reduzirá a carga de esgotos despejados no Tietê e ainda possibilitará uma maior disponibilidade hídrica para a região atendida pela Guarapiranga.

Mas fica uma ressalva: Esta seria a solução ideal para simultaneamente transpor esta fase de estresse hídrico e, de quebra, promover a despoluição gradativa de nossos corpos hídricos, contanto que haja outros projetos do gênero para as regiões mais críticas da capital e região. Porém durante décadas nossos governantes permaneceram de costas para a questão do abastecimento público de água e do saneamento básico. Foi necessário ocorrer uma situação de escassez histórica com ameaça de falta d'água e desabastecimento de grande parcela da população, o que seria um crime, para que fosse vencida a inércia política.

Falamos aqui da região abastecida pela Guarapiranga que, entre os mananciais que servem São Paulo, é o menos crítico. O Sistema Cantareira corre o risco de entrar em colapso, e este deveria ser o foco atual.
Nunca é demais lembrar: Esta escassez histórica não é um evento isolado. Ela é histórica pois superou outra considerada histórica até então, mas sem sombra de dúvida OUTRAS também históricas irão ocorrer. Contar com a sorte é dar sopa para o azar.

Até a próxima!



sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Em que é mais fácil acreditar hoje em dia: Jornais, revistas ou nos livros de Harry Potter???

Historicamente, sempre prevaleceu nas mídias escritas ou faladas aquilo que pode trazer algum retorno político ou financeiro, mesmo que para isso tenha-se que ludibriar, enganar o consumidor, levá-lo a consumir algo de que não precise ou que vá lhe causar males à saúde.

Assim eram os comerciais de cigarros, cheios de vida, emoção e saúde; ou nos comerciais de refrigerantes, com ursos polares e papais noéis.



















Na política, o caso mais famoso foi o apoio escancarado, mas nunca declarado, da Rede Globo de Televisão a Fernando Collor de Mello, ainda Governador de Alagoas e dono da Rede Gazeta de Alagoas, uma afiliada da Globo. A emissora de Roberto Marinho o apelidou de "Caçador de Marajás", pois supostamente fez uma limpeza no funcionalismo público daquele estado, demitindo aqueles que marcavam ponto e não trabalhavam ou que ganhavam salários faraônicos. Ele chegou a receber de presente um programa Globo Repórter especial!!! Um ano depois candidatou-se à Presidência da República usando uma legenda totalmente desconhecida, o PRN. Apesar do favorecimento à ele em detrimento do outro candidato (contra Luis Inácio Lula da Silva) durante e após debate no segundo turno, elegeu-se presidente e o resultado todos sabemos.





A imprensa brasileira tem se tornado às vezes omissa, às vezes tendenciosa. Mas como se não bastasse as segundas intenções que caracterizam os meios de comunicação (salvo raras exceções), presenciamos ainda uma queda na veracidade dos fatos originada na falta de comprovação técnica, nos erros de tradução e até mesmo de... digitação!!

Há alguns meses atrás iniciei uma discussão no Linked in por causa de uma matéria da Folha de SP "denunciando" a água "esbranquiçada" recebida por moradores de um bairro da zona norte da capital.
Para embasar a denúncia, convidaram um "especialista em obras hidráulicas" para explicar o que ocorria e, para nossa surpresa, este profissional alegou que tal ocorrência devia-se ao EXCESSO DE CLORO NA ÁGUA.
A SABESP foi procurada mas... NÃO SOUBE INFORMAR O QUE ESTAVA OCORRENDO!!!
Não satisfeitos com tanta asneira, fecharam com chave de ouro: Entrevistaram um clínico-geral que, sem o menor pudor de estar errado, informou que nestes casos, quando não puder evitá-la, FERVER ANTES DE CONSUMIR!!!!


 Para compartilhar esse conteúdo, por favor utilize o link http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/04/1444662-moradores-da-zona-norte-de-sp-recebem-agua-esbranquicada.shtml ou as ferramentas oferecidas na página. Textos, fotos, artes e vídeos da Folha estão protegidos pela legislação brasileira sobre direito autoral. Não reproduza o conteúdo do jornal em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização da Folhapress (pesquisa@folhapress.com.br). As regras têm como objetivo proteger o investimento que a Folha faz na qualidade de seu jornalismo. Se precisa copiar trecho de texto da Folha para uso privado, por favor logue-se como assinante ou cadastrado.

Vejam a matéria:http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2014/04/1444662-moradores-da-zona-norte-de-sp-recebem-agua-esbranquicada.shtml


Para quem não sabe: Dizer que a água leitosa que sai das torneiras está assim devido ao cloro é uma LENDA URBANA! A água esbranquiçada nada mais é que a água pressurizada na tubulação liberando minúsculas bolhas de ar ao abrirmos a torneira. Por isso ela torna-se incolor novamente após um ou dois minutos.


Hoje, em busca de leitura interessante, deparo-me com a seguinte manchete da famosa revista EXAME:

Acesse o link aqui


Quando eu falo às pessoas para não crerem piamente em tudo o que se diz sobre aquecimento global, não é porque eu sou o dono da verdade, longe disso. Mas é tão somente porque HOJE EM DIA NÃO DÁ PARA ACREDITAR EM NADA PIAMENTE!!!
Uma revista como a EXAME vir à público e dizer que pesquisadores de uma ONG qualquer analisaram estudos existentes e concluíram que há uma ACIDIFICAÇÃO dos oceanos por conta do AUMENTO de seu pH devido às emissões de carbono???
DESDE QUANDO pH SOBE E A ACIDIFICAÇÃO SOBE JUNTO?????

Mais uma coisa: Pelo que já li e estudei, o pH da água do mar é em média 8, podendo chegar a 8,5. Então, se caiu 26%, significa que antes estava em média 10,8 podendo chegar a 11,5. Só para traçar um paralelo, a amônia tem pH 11. Se existem hoje os mesmos seres aquáticos que há 200 anos atrás, como sobreviveram a tamanha queda? Dois séculos é muitíssimo pouco para uma evolução de TODAS as espécies marinhas visando adaptar-se, gradativamente, ano após ano, às situações diárias diferentes.

Na verdade somo nós que precisamos analisar as notícias existentes, buscando sempre mais de uma fonte de informação.

Até a próxima.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

VIVENDO E NÃO APRENDENDO?

A degradação de nossos mananciais, com a poluição e contaminação de todas as águas subterrâneas, rios e córregos paulistanos, enseja que o poder público busque novas alternativas de captação, sob pena de, se não o fizer imediatamente e vier a ocorrer nova estiagem crítica, esgotará totalmente os atuais reservatórios redundando em transtornos à população e gastos emergenciais sem precedentes.
Tomemos como exemplo o Sistema Cantareira, cuja falta de investimentos fez com que o governo do estado desembolsasse sem que houvesse previsão no orçamento isto é, "de uma hora para outra", mais de 80 milhões de reais na construção de obras emergenciais para captação do volume morto.

O tema "Abastecimento de Água" deveria ser primordialmente desenvolvido à partir de duas frentes, as quais demandam médio a longo prazo para conclusão:

a) Perdas físicas

Sabemos que há, atualmente, uma perda física de água de aproximadamente 40% nas velhas redes. Substituí-las por material mais moderno, prático e resistente como o PEAD seria necessário e ideal mas, mesmo adotando métodos não destrutivos, ainda demandará canteiros de obras pipocando por toda a cidade, desvio ou paralisação do trânsito, isto é, longo prazo.

b) Ampliação do sistema

A ampliação do sistema, com a construção de novos reservatórios, transposições, despoluição de rios e córregos, etc. também teria um horizonte de longo prazo, mas alcançaria resultados gradativos e mais imediatos, pois seria entregues à medida que fossem finalizados.

DRENAGEM DE ÁGUAS PLUVIAIS

A preocupação dos governantes sempre foi afastar as águas da chuvas o mais rápido possível, empurrando o problema para frente. Com a conquista da impermeabilização da cidade isto seria conseguido eficientemente, mas, se existissem galerias de águas pluviais rotineiramente limpas e que fossem eficientes ou suficientes, bem como bocas-de-lobo desimpedidas.
Some-se a isto as retificações, as canalizações e o assoreamento dos leitos de nossos córregos e rios cuja limpeza é precária... Alcançamos a fórmula das enchentes e inundações.

Vejamos agora esta notícia:



São louváveis tais obras da prefeitura de São Paulo visando a ampliação da capacidade de armazenamento das águas de drenagem. Os transtornos causados pelas fortes chuvas sobre esta cidade totalmente impermeabilizada justificam tais investimentos.
Porém, com toda a atual fragilidade de nosso sistema de abastecimento de água que veio à tona neste momento de seca histórica, esta seria uma excelente oportunidade para viabilizar o reúso das águas de drenagem, incrementando a ampliação do sistema comentada acima.

Adaptar este projeto incorporando-o a uma ETE (Estação de Tratamento de Efluentes) ao invés de continuar a devolver águas poluídas aos rios e córregos mortos da capital, iria minimizar a carga de DBO/DQO e inorgânicos que estes recebem principalmente na época de cheias, ou até mesmo a construção paralela de uma ETA, visando ao abastecimento local.

FINALIZANDO...

As pessoas precisam entender que atitudes sustentáveis precisam ser implementadas AGORA por parte de nossos governantes.
A despoluição de nossos rios e córregos, a substituição de nossas matrizes energéticas, a utilização de novas tecnologias ambientalmente corretas e, acima de tudo, a racionalização do consumo, são primordiais para que esta e as futuras gerações possam desfrutar de uma vida menos egoísta, com a inclusão de todos.


Até a próxima...

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

A falta de estudos e planejamento público e privado na implantação de novos empreendimentos residenciais, comerciais, industriais e agrícolas são os co-responsáveis pela atual situação hídrica.


Caros amigos, existe atualmente dois estudos que já deveriam fazer parte da grade curricular de cursos de graduação e pós ligados às Engenharias e Tecnologias de áreas Ambientais, Sanitárias, Produtivas e de Gestão, bem como de toda e qualquer secretaria ou órgão ligado a estas áreas: A Pegada Hídrica (Water Footprint) e a Água Virtual (Virtual Water).



Não se pode mais falar em mananciais, captação e tratamento de água considerando somente sua utilização como insumo ou matéria-prima nos processos de produção ou no consumo humano direto, conhecido como Água Virtual. Deve-se considerar que a água utilizada na produção de um produto acaba sendo "exportada" para outras localidades ou regiões. Esta é a Pegada Hídrica!!!

Por exemplo, uma empresa como a FEMSA de Jundiaí, cujo consumo de água para a fabricação de refrigerante (Coca-Cola) é de aproximadamente 2 litros/litro, distribui seu produto para todo o Brasil e ainda exporta seu concentrado para todo o mundo, principalmente Oceania. Portanto, quando a FEMSA distribui ou exporta seus produtos (refrigerantes, sucos, etc.), na realidade está exportando ÁGUA, que é captada em nossos mananciais e descartada fisiologicamente em outra região ou país, sendo tratada, devolvida à natureza mas abastecendo outros mananciais. O consumo de água mineral no Brasil é de 14 litros per capita, ou seja 2,8 milhões de m³ de água são deslocados anualmente de uma região para outra. Em Itabirito/MG, a previsão da nova fábrica FEMSA é de 2,1 bilhões de litros de refrigerantes por ano, ou seja, 4,2 milhões de m³ de água/ano(!!!).
Apliquem esses mesmos princípios à Ambev, à Schincariol, Nestlé, etc. e às suas indústrias de garrafas PET... Aplique-se esses estudos à empresas de outros ramos de atividades, como a Cia. Melhoramentos cuja fabricação de cada folha de papel A4 são necessários magníficos 10 litros de água (na irrigação e processo de produção, segundo aqueles estudos).
O que dizer então do nosso setor agrícola, o maior vilão no uso da água, cuja irrigação é responsável por cerca de 70% de toda a água consumida? Todas essas safras recordes que exportamos são, na verdade, recursos hídricos deixando nosso país.
Percebam que há muito tempo os países desenvolvidos reduziram drasticamente seus polos industriais e dedicam-se à produção de TECNOLOGIA, isto é, poluição e consumo de recurso quase ZERO. Estes ônus ficam por nossa conta, países em desenvolvimento onde indústrias e agricultura, juntos, consomem 90% de toda a água disponível, enquanto que os outros 10% ficam por conta de nossa população que não para de crescer.

Este conhecimento deveria obrigatoriamente fazer parte de estudos inter-secretarias públicas, Planos Diretores, Licenciamentos Ambientais, Outorgas, etc., sob pena de esgotarmos nossos recursos hídricos e ainda criarmos um abismo social onde apenas o cidadão com recursos financeiros terá acesso à água de qualidade.

Este assunto é IMENSO E COMPLEXO, não sendo este o lugar de dissertá-lo, mas ESTE É O MOMENTO. Estou à disposição para debatê-lo, trocar informações. Possuo algum material sobre Pegada Hídrica e Água Virtual. Havendo interesse basta contactar por aqui.

Um abraço e até a próxima!!!

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Sistema Cantareira - Contagem regressiva para a morte do volume morto?

O descaso com que os governantes paulistas têm tratado nossas reservas hídricas é tão grave quanto a atual situação propriamente dita. Há precedentes de estiagem graves cujas consequências sentimos até hoje, porém nenhuma atitude foi efetivamente tomada. A imagem abaixo foi extraída de um estudo realizado em 2006 pelo Instituto Socioambiental, que previu a atual situação:



A Política Nacional de Recursos Hídricos – LEI Nº 9433/1997, vem sendo descumprida em vários artigos, como por exemplo, os incisos I e III do artigo 2º:

I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos;

III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais.


Some-se este descumprimento da lei ao sucessivo descumprimento das promessas, eternamente reprometidas, de despoluição do rio Tietê, às somas exorbitantes já gastas para esta despoluição desde 1993 e, recentemente, aos mais de 80 milhões de reais gastos para a estrutura de captação do “volume morto”.

Além de gastarmos bilhões de reais em 20 anos para despoluir SEM SUCESSO um rio morto e ainda gastarmos mais dezenas de milhões de reais em uma grande “gambiarra” cujo motivo foi a falta de investimentos e de planejamento na área de abastecimento, mesmo sabendo que tal construção foi inútil, pois o reservatório tende agora ao ZERO ABSOLUTO, deixou-se de investir em saneamento, por exemplo, o que pouparia custos com a saúde pública.

Os reservatórios somados têm hoje (24/07/2014) apenas 16,15% da capacidade total do sistema. Temeroso das perspectivas, comecei um pequeno estudo com o intuito de verificar quais as probabilidades de atingirmos o estresse total do Sistema Cantareira.
A figura abaixo foi retirada de uma tabela que criei a partir de dados já ocorridos, médias e estiagens históricas, todos oficiais:



Pode-se observar que, caso não seja tomada nenhuma atitude e se os índices de precipitação permanecerem escassos, o sistema entrará em colapso em meados de novembro/2014.

Agosto é, historicamente, o mês de maior estiagem do ano nas bacias do sistema PCJ, com média aproximada de 26 mm, enquanto que setembro possui média histórica aproximada de 55 mm. Para se ter uma ideia de como é este período, a média histórica para o mês de dezembro é de 202,07 mm e para janeiro é de 268,19. Este ano janeiro registrou apenas 97,42 mm, o que derruba um pouco a média histórica para o mês. Portanto, estamos em um ano de estiagem histórica, o que já aconteceu, como veremos abaixo, em anos não muito distantes:

Precipitações históricas no mês de julho


Precipitações históricas no mês de agosto


Precipitações históricas no mês de setembro


Caberia aos nossos órgãos de controle e aos nossos governantes uma estratégia URGENTE de racionamento, o qual deveria ter sido implantado há muitos meses e metros cúbicos atrás, já pensando nesta grande possibilidade de permanência da falta de chuvas, sem prejuízo, claro, de punições posteriores aos responsáveis por este descaso (para dizer o mínimo).


Nunca é demais lembrar que estamos às portas das eleições e que, para uma democracia saudável, sem vícios ou longos reinados, mudanças são absolutamente essenciais.



Links:






Até a próxima...


terça-feira, 8 de julho de 2014

Produção e consumo - Verdades e mentiras convenientes

Considero o Aquecimento Global uma fraude. Em postagens anteriores deixei esta minha posição muito clara, juntamente com os motivos de minha descrença. Porém, algumas de suas supostas origens podem ser na realidade vilã em outros aspectos.

Observando os sistemas de produção e consumo conclui-se que muitos desequilíbrios ambientais antrópicos têm grandes possibilidades de transformar nosso planeta em um lugar inóspito ou, para dizer o mínimo, poderão impedir que nossas futuras gerações tenham algum conforto ou facilidade, restando-lhes apenas sobreviver. Por exemplo, poderá haver o desabastecimento geral com o esgotamento de recursos naturais não renováveis, tais como a água potável, o solo cultivável e os minérios. Isto sim é possível.
Ademais, o aquecimento Global é uma vedete: Leis são criadas, como a 12.187 de 2009 que instituiu a Política Nacional sobre Mudanças Climáticas, superproduções cinematográficas, como O Dia Depois de Amanhã, são sucesso de bilheteria, porém não existem campanhas tão massivas contra o CONSUMISMO.

A degradação do meio ambiente, a extração desenfreada de recursos naturais e a utilização precária de mão-de-obra, esta última em sua grande maioria com salários indignos ou até mesmo fazendo uso de trabalho semi-escravo ou escravo desempenhados inclusive por crianças, são resultados do estímulo da moda, do mercado e da propaganda os quais criam carências, desejos e necessidades sociais efêmeras e fúteis, orquestrados pelos grandes empresários na busca por maiores e melhores retornos financeiros.

Por falar em empresários, uma reportagem veiculada em 06.07.2014 no programa Repórter Eco da TV Cultura, o presidente do CEMPRE (Compromisso Empresarial Para Reciclagem), Victor Bicca Neto, afirma que a adesão à Política Nacional de Resíduos Sólidos por parte deles (empresários) é precária, principalmente com relação à Responsabilidade Compartilhada e à Logística Reversa, pois há a necessidade de revisão da tributação tanto dos resíduos como matéria-prima quanto dos produtos com eles produzidos, criando uma tributação diferenciada.

Sob este contexto observamos que:

- As leis ainda são os principais motivadores da consciência ambiental;

- Os empresários não possuem iniciativa ambiental própria, a menos que esta resulte em aumento de vendas (lucro) ou em redução de custo (lucro);

- Empresas como a Coca-Cola e a Ambev, por exemplo, com belíssimos empreendimentos ambientais e hipnóticas campanhas publicitárias não possuem qualquer responsabilidade social ou de saúde pública sobre os efeitos colaterais de seus produtos. Ficarmos batendo palmas porque sua garrafa PET possui uma pequena porção de PET reciclado não minimiza sua gigantesca responsabilidade sobre o consumo de um produto extremamente desnecessário à vida humana;

- Necessária se faz uma revisão desta bitributação visando incentivar os empresários a adotarem a reciclagem e o reaproveitamento sem que haja o repasse dos custos para os preços dos produtos, contanto que sejam beneficiadas com isenção e/ou redução as empresas que, em contrapartida, mantiverem apoio às pesquisas científicas de sustentabilidade continuada e de saúde pública, esta última no sentido de promover a redução do consumismo patológico;

- Empresas de tabaco são, além de tudo, cínicas, tal como a Cia. Souza Cruz que possui uma seção em seu sítio sobre suas ações na área de sustentabilidade, bem como possui também uma seção com vários textos sobre os malefícios do cigarro (mea culpa) e cujas veiculações de propagandas foram proibidas porque induziam ao consumo, sendo que o cigarro é OFICIALMENTE prejudicial à saúde (basta ver os avisos nos maços de cigarros). Com todas essas restrições, impostas a uma empresa ré confessa, o que falta para banir o fumo de nosso país?

- A China é o maior fabricante e exportador mundial de produtos baratos e sem qualidade;

- Anualmente são lançados dezenas de modelos de celulares, smartphones, notebooks e tablets cujas novas funcionalidades são absolutamente supérfluas ou uma versão melhorada daquela já existente antes;

- Cabe ao governo fiscalizar e aplicar o Código de Defesa do Consumidor, a Lei de Crimes Ambientais ou outras leis acessórias, punindo os abusos, as práticas de cartel, as propagandas enganosas ou as que fazem apologia aos benefícios, vantagens ou poderes de determinado produto, natural ou artificial, que não possui qualquer destes atributos, bem como cabe à sociedade denunciar tais práticas e levar a público suas denúncias.


Tenho certeza de que várias pessoas tachar-me-ão de exagerado, beato ou pudico, cuja vida deve ser sem graça... Ledo engano, pois sou um agnóstico deísta, adoro uma boa cerveja e um bom uísque 12 anos (ou mais velho), não dispenso um bom churrasco e uma boa massa, tudo sem exageros, claro.
Portanto, da mesma forma que há sete anos deixei de fumar por livre e espontânea vontade, sem clínicas, tratamentos ou adesivos milagrosos, vício este que me acompanhou por 26 anos, posso reduzir ou até mesmo abdicar de alguns prazeres caso isto seja preponderante para a perpetuação de nosso ecossistema.


Os recursos do planeta não são infinitos. Hoje, 80% de seus habitantes consomem apenas 20% do total de recursos naturais explorados no mundo, enquanto que as outras 20% dos habitantes são responsáveis pelo consumo de 80% dos recursos. Mais de um bilhão de pessoas passam fome ou não têm acesso ao saneamento básico, enquanto todos os demais seres humanos já consomem 10% além da capacidade de auto-regeneração dos recursos naturais do planeta. Se todos os excluídos fossem incluídos e passassem a consumir como os norte-americanos, por exemplo, precisaríamos de mais quatro planetas. Portanto, ou fazemos nossa parte ou continuamos neste consumismo desenfreado, fazendo com que as próximas gerações juntem-se à estes mais de um bilhão de pessoas, unidos pela fome, pela miséria e pelas guerras.

Para fazermos nossa parte não é preciso se autoflagelar ou sofrer privações. Basta consumir com consciência, ter personalidade para recusar superficialidades, sabermos discernir quais pessoas nos reconhece pelo que somos, por nossas iniciativas, por nossa moral e não pelo que vestimos, pelo carro que desfilamos ou pelo celular que ostentamos.

Como diria John Lennon: “...and the world live be as one”


Próxima postagem: Compostagem caseira


Links:

Repórter Eco / TV Cultura

Cia. Souza Cruz - Sustentabilidade

Cia. Souza Cruz - Fumo e Saúde

Mundo Educação - Consumismo

Agência Brasil - Consumo ultrapassou capacidade de renovação que a Terra poderia oferecer em 2013


quinta-feira, 5 de junho de 2014

Aquecimento Global: Uma lenda moderna?

Uma História pouco contada...


  • Em 1947, o Reino Unido decide deixar o controle do Estado da Palestina e promove uma assembléia geral da então recém criada ONU, para decidir se divide ou não aquele território entre árabes, que eram os então habitantes, e judeus, vindos de todas as partes do mundo. Com um voto de minerva (desempate) dado pelo então secretário-geral das Nações Unidas, o brasileiro Oswaldo Aranha, decidiu-se pela partilha do território entre os dois povos. O Estado de Israel foi fundado e reconhecido oficialmente em 1948, porém, até os dias de hoje, o Estado Árabe nunca foi reconhecido, tendo ainda seu território invadido pelo exército judeu, sempre bem municiado pelo ocidente, reduzindo-o ainda mais. Os refugiados árabes vagaram pelos desertos e espalharam-se pelos países vizinhos. Desde então nunca mais houve paz na região.

  • Hoje todos sabemos que Osama Bin Laden e seu bando Talibã foram treinados e armados secretamente pela CIA, para que pudessem ajudar o Afeganistão na luta contra a invasão soviética em 1978. Haviam dois motivos para isso: evitar a ascensão comunista em plena guerra fria e "dar o troco na mesma moeda" pelo apoio indireto de treinamentos e armas que a União Soviética concedeu ao Vietnã do Norte contra os EUA, na Guerra do Vietnã, de onde os americanos saíram derrotados em 1976. Os soviéticos retiraram-se do Afeganistão em 1989. Anos mais tarde, Osama e seu Talibã ataca os EUA e derruba o maior símbolo do capitalismo americano, o World Trade Center, e tenta derrubar, sem sucesso, o maior símbolo militar americano, o Pentágono. Sabíamos até então que o atentado de Bin Laden tinha um motivo: a cruzada árabe contra o ocidente. Porém soubemos algum tempo depois que, por trás da investida religiosa, havia uma dívida bilionária não paga pelos americanos, mais especificamente, por W. Bush. Osama Bin Laden foi capturado e morto em 2011, durante uma operação secreta das forças especiais americanas, sem o conhecimento prévio do governo do Paquistão, país onde escondia-se o terrorista.



  • Em 1978, quando estavam cortadas as relações entre os EUA, do presidente Jimmy Carter, e o Irã, do Aiatolá Khomeini, o Iraque atacou o Irã injustificadamente reivindicando o domínio total de um canal estabelecido em suas fronteiras, cujo uso para escoamento de mercadorias era de ambos. Soubemos algum tempo depois que os EUA forneceram aramamentos e serviços de inteligência ao Iraque, cujo presidente era Saddam Hussein, durante esta guerra. Anos mais tarde, o então presidente americano Ronald Reagan chegou a enviar um recado ao seu Secretário de Defesa Frank Carlucci dizendo que "uma vitória iraniana é inaceitável". Este aviso seria um ultimato do presidente ao obter informações da CIA de que o Irã preparava uma grande ofensiva "surpresa". Todas as movimentações iranianas, acompanhadas por satélite, foram informadas à Saddam Hussein, que conseguiu conter a investida. A guerra terminou em 1988. Poucos anos mais tarde, em 1990, aproveitando sua parceria com o ocidente, o Iraque invade o Kuwait encerrando um acordo de reconhecimento feito em 1961 entre ambos os países. Apesar de a ONU não possuir base legal sobre acordos feitos fora de seu âmbito (que seria o caso), autoriza as forças de coalizão a invadir o Iraque. Posteriormente, com o recuo de Saddam, a organização exigiu o desarmamento do país, assim como instaurou um embargo total negando inclusive alimentos e até mesmo cloro, tentando com isso fomentar a ira da população contra o ditador, insuflando-a e levando-a a retirá-lo do poder. Mas o que se viu foi um índice gigantesco de mortes por desnutrição, fazendo com que o povo martirizado encontrasse outros culpados: ocidentais, encabeçados pelos americanos, e seus aliados, tais como Israel e Arábia Saudita. Sob as insurgências terroristas Nasce então o genocida Saddam Husseim, um sunita em terra de maioria xiita, provocando barbáries e uma espécie de limpeza étnica. Sua desumanidade somente foi interrompida quando os EUA, na pessoa do senhor George W. Bush, na busca infrutífera por Osama, decidiu atacar o Iraque sob alegação de que este possuía armas químicas. Sem encontrar armas químicas, Saddam, o ex-aliado, foi preso e enforcado sob acusação de tortura, genocídio, entre outras coisas, com base no "senso de justiça americana", sem nenhum apoio da ONU ou dos demais países-membros. O Iraque, um país soberano, foi invadido sob suposições, e seu líder, autoritário ou não, foi deposto, sentenciado à morte e enforcado.


  • A descoberta do primeiro poço de petróleo no mundo foi na Pensilvânia (EUA), em 1859. Com isto, americanos e ingleses decidiram modificar suas matrizes energéticas, migrando do carvão para o óleo combustível, e posteriormente para a gasolina. Mas no início do século XX foram descobertos os primeiros lençóis de petróleo no Oriente Médio, no Irã em 1908. Os países árabes tornaram-se em pouco tempo os maiores produtores de petróleo do mundo e, desde então, houveram CINCO grandes crises geradas por estes países grandes produtores, todas elas causando catastróficos transtornos pelo mundo, atingindo inclusive os EUA, promovendo o desabastecimento mundial e meteórica elevação no preço dos barris de petróleo. O petróleo gerou riquezas ao mundo árabe, propiciando o desenvolvimento destes países, principalmente bélico, os quais invariavelmente entravam em sérios conflitos armados, tornando a região um local instável e perigoso. O Estado de Israel, cuja identificação dos novos habitantes era, além da religião judaica, serem em sua grande maioria OCIDENTAIS, aumentou ainda mais a distância entre árabes e anglo-saxões, pois aqueles viam a criação de Israel como uma forma destes possuírem um "posto avançado, um observatório ou uma base avançada" em uma região estratégica, com relação à União Soviética, China e os próprios países árabes, e extremamente rica em petróleo.


O ataque ao World Trade Center em 2001 expôs ao mundo várias obscuridades: a fragilidade da segurança do país mais potente do mundo (no sentido bélico); os acordos existentes entre Osama Bin Laden e o então presidente George W. Bush; e a parcialidade da ONU.

ONU - Organização das Nações Unidas... Ou seria OIU - Organização dos Interesses Unidos?


Não se pode negar a existência de ajuda humanitária concedida pela ONU por meio de seus organismos interligados, como a UNESCO, e de seus voluntários espalhados pelo mundo todo. Porém, isto não pode ser usado para depor à seu favor quando a colocamos diante do verdadeiro propósito de todas estas intervenções militares por ela apoiadas ou, por suas omissões, como no caso da segunda invasão ao Iraque, culminando na prisão e execução de Saddam Hussein. O presidente George W. Bush também cometeu crimes contra a humanidade ao autorizar a invasão ilegal, sem autorização do Conselho-Geral, um país-membro, e matar soldados e civis durante tal incursão. Porém não foi sequer intimado a prestar esclarecimentos.
Mas toda esta minha dissertação histórica tem apenas um objetivo: questionar a veracidade dos estudos e modelos desenvolvidos pelo IPCC - Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, criado em 1988 pela ONU, e seus verdadeiros objetivos. Vejamos:

- A criação do mercado de carbono, que é uma saída para os grandes continuarem poluindo mas pagarem por sua poluição enquanto que os países em desenvolvimento atrasam seu desenvolvimento adotando matrizes energéticas limpas, que não emitem dióxido de carbono mas cujo poder energético é inferior, para poder vender estas "economias de carbono não emitidos" àqueles que podem comprá-las. Os grandes poluem mas desenvolvem-se e os menores despoluem mas ficam estagnados, comprando tecnologia dos grandes. Se o risco de um aquecimento global é real e iminente, como nos darmos ao luxo de abrirmos exceções?

- As campanhas para adoção de energia limpa visando a redução do uso dos combustíveis derivados de petróleo, inclusive com países como os EUA investindo em etanol. Seria uma tática para o enfraquecimento dos países grandes produtores de petróleo?

- O desenvolvimento e a produção em larga escala de itens que não agridam a natureza ou não emitam CO2 poderia ser alcançada por um país cuja parte da população ainda passa fome? Quem lucra com a venda de produtos "ecoeficientes" ou "ambientalmente corretos", uma vez que o preço destes, com relação aos similares comuns, chegam a custar o triplo?

CONSCIÊNCIA AMBIENTAL

O consumismo desenfreado e a deficiência do saneamento básico e ambiental, alavancados pela busca frenética por dinheiro, poder e status social, podem levar sim ao fim das reservas de recursos naturais. Isto é um fato incontestável, e é com base neste fato que as pessoas devem ser educadas e direcionadas, e não em uma estória digna de Walt Disney, onde dados são manipulados, ajeitados e encaixados em um modelo ambiental nascido para ser direcionado a um objetivo, o qual ainda é subjetivo, mas imoral.


De acordo com vários pesquisadores contrários à teoria do aquecimento global, e seguindo um raciocínio lógico, se o planeta de fato estivesse aquecendo e as geleiras derretendo, alguns centímetros a mais nos oceanos não faria tanta diferença assim nos litorais, ao ponto de submergirem cidades inteiras e outras catástrofes.

Pessoal, vamos parar e pensar!

Sem precisar aprofundar-nos em ciclos milenares que envolvem a história do planeta ou na inexistência de uma estufa tão perfeita como esta alegada sobre o dióxido de carbono, uma vez que isto tudo foi absolutamente desconsiderados convenientemente nos estudos do IPCC, vamos analisar coisas muito mais simples:

- Como poderiam cientistas afirmarem que os oceanos subirão EM MÉDIA de 28 a 82 cm??? Não há médias quando falamos de águas que se comunicam. Portanto, se subir 82 cm no Oceano Atlântico, vai subir também 82 cm no Oceano Pacífico, no Índico, etc... E que raio de espaço estatístico é esse tão extenso e subjetivo? De qualquer forma, subir 82 cm não fará com que o mar chegue nem próximo do calçadão de Copacabana, no Rio de Janeiro, ou da Avenida Castelo Branco, na Praia Grande.

- Afirmar que a temperatura MÉDIA da Terra irá subir 5 °C até o longínquo ano 2100, sendo os ciclos da natureza tão voláteis e ainda tão mal estudados ou conhecidos??? Sem contar que 5 °C de aumento na temperatura média mundial pode significar que, por exemplo, as temperaturas médias caiam 2,5 °C no verão e subam 2,5 °C no inverno. Cá entre nós, isto seria suficiente para derreter geleiras de quilômetros de espessura e congeladas há milhares de anos??

Novamente afirmo: precisamos conservar nossos recurso para que não faltem. Poluir as águas e não tratá-las fará com que a água potável deixe de existir. Este pensamento pode se estender para os animais, aos vegetais, enfim, a todos os recursos naturais que necessitamos para sobreviver e que necessitarão as gerações que ainda estão por vir.


Alguns links que utilizei para pesquisa:

http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2013/10/1351510-luiz-carlos-baldicero-molion-nao-e-o-fim-do-mundo.shtml

http://www.urutagua.uem.br/015/15traumann.htm

http://veja.abril.com.br/historia/israel/especial-refugiados-arabes-palestina.shtml

http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u101525.shtml

http://www.charlespennaforte.pro.br/saddamhussein.html

http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Internacional/A-morte-de-Bin-Laden-e-o-triunfo-do-%27Comandante-Obama%27%0D%0A/6/16853

http://neccint.wordpress.com/2013/03/19/invasao-do-iraque-pelos-eua-completa-10-anos-de-impunidade/

http://noticias.uol.com.br/meio-ambiente/ultimas-noticias/redacao/2013/09/27/temperatura-do-mundo-pode-subir-ate-48c-no-seculo-21-estima-ipcc.htm

http://www.ipcc.ch/home_languages_main_spanish.shtml

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Mudanças climáticas: Catástrofe ou Oportunismo?

EFEITO ESTUFA


Para falar sobre o aquecimento global é necessário antes uma pequena introdução sobre o efeito estufa.

O efeito estufa é um fenômeno natural de manutenção da temperatura do planeta em níveis que permitam a sobrevivência de todos os seres vivos. Sem ele, a temperatura da Terra seria de 18 ºC negativos.

Dois bons exemplos para entender o efeito estufa sem precisarmos entrar em detalhes teóricos:

- As estufas para plantas são utilizadas para mantê-las climatizadas em quaisquer estações do ano. Sua estrutura em vidro permite a entrada da radiação solar, mas não permite que esta radiação, agora transformada em calor, retorne ao espaço, proporcionando a temperatura ideal aos vegetais;

- Quando estacionamos um veículo exposto à luz solar com todos os vidros fechados, permitimos a entrada de radiação mas impedimos sua saída, em forma de calor, para o ambiente. Não é raro ocorrer a fratura e quebra dos vidros por conta do aumento da temperatura do ar interno e sua consequente expansão.

Na atmosfera, uma camada de gases é responsável por um efeito similar a estes exemplos. O metano (CH4), o dióxido de carbono (CO2), o dióxido de nitrogênio (NO2) e o hidrofluorcarbono (HFC), entre outros, compõem essa camada e são os chamados “gases de efeito estufa” (GEE).

AQUECIMENTO GLOBAL


À grosso modo, para que este sistema mantenha seu funcionamento normal, existe o equilíbrio perfeito entre: 1) o balanço de energia incidente e a energia refletida; 2) a absorção de CO2 e liberação de O2 (oxigênio) pelo processo vegetal da fotossíntese.
Porém, de acordo com modelos criados pelos cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas - IPCC, as ações antrópicas emitindo cada vez mais GEE têm modificado este sistema: O CO2, na queima de combustíveis fósseis; o CH4 proveniente dos lixões e aterros sanitários; o HFC, que substituiu o CFC para não agredir a camada de ozônio mas que, segundo os cientistas, potencializa o efeito estufa, entre outras atividades. Segundo aquele instituto, estas ações têm provocado a elevação gradativa das temperaturas do planeta. Este é o famoso AQUECIMENTO GLOBAL.

Porém, outros especialistas são contrários a estas teorias, alegando basicamente que:

- a temperatura do planeta não estaria aumentando, mas sim oscilando. Tal oscilação seria perfeitamente normal, uma vez que é cíclica;

- os modelos utilizados nas pesquisas do IPCC são construídos de forma errônea, manipulando os resultados de forma a corroborar suas teorias;

- vários pesquisadores do mundo todo estariam conduzindo tais estudos, seja por iniciativa própria, seja por influência política, visando obter fundos e/ou verbas sob a “bandeira do aquecimento global”, pois o acesso financeiro é facilitado mas, na verdade, direcionam uma parte destes recursos aos seus reais propósitos, pesquisas que realmente lhes interessam;

- o interesse real seria desacelerar o crescimento dos países em desenvolvimento, mantendo-os sob a dependência tecnológica e econômica dos países desenvolvidos. A oficialização dos Créditos de Carbono na assinatura do Protocolo de Kyoto, no qual os países do norte compromissaram a redução de suas emissões de GEE, é um exemplo disto.

CRÉDITOS DE CARBONO


Os créditos de carbono são concedidos às empresas e/ou países, signatários do acordo, que reduzirem a emissão de GEE. A proporção é de uma tonelada de CO2 = 1 crédito.
Tais créditos têm valor econômico e podem ser negociados entre os signatários. Por exemplo:

- A Essencis é uma empresa paulista cuja uma das principais atividades é o acondicionamento, tratamento e disposição final de resíduos sólidos domésticos em um aterro sanitário. A decomposição desses rejeitos gera uma grande quantidade de CH4, o qual é 20 vezes mais nocivo do que o CO2. Por meio de drenos, a empresa faz a captação do CH4, direciona-o a um flare onde ele é queimado, transformando-o em CO2, reduzindo assim o impacto ambiental com a emissão do CH4 no ambiente. Esta redução gera créditos de carbono, os quais são atualmente negociados (vendidos) a uma empresa alemã que os utilizará para atingir suas metas de emissão.
Em outras palavras, as empresas com mega recursos financeiros têm autonomia para produzir e desenvolver-se a si e a seus países de origem POLUINDO, uma vez que podem “comprar” suas parcelas de redução sem com isso desacelerar seu crescimento, enquanto empresas de países em desenvolvimento veem neste comércio uma fonte de recursos financeiros, sem perceber que ao utilizar-se deste artifício desaceleram suas produções em busca de Mecanismos de Desenvolvimento Limpo, mais ambientalmente eficientes porém menos energeticamente eficientes.

Cabe a cada um de nós, caso queiramos adotar uma posição justa e correta, aprofundarmo-nos no assunto, pesquisando com discernimento, lisura e consciência, sem falsas paixões e livres de quaisquer influências.


Alguns links:









sexta-feira, 7 de março de 2014

A defasagem do sistema metroviário de São Paulo

O transporte sobre trilhos é um dos maiores exemplos de sustentabilidade do setor logístico, pois utiliza energia limpa e renovável. Mas os governantes brasileiros, historicamente, têm uma tendência a investir em malhas rodoviárias, favorecendo o uso de veículos movidos a combustíveis fósseis muito mais caros, não renováveis e altamente poluidores.

Uma matéria publicada hoje no jornal "O Estado de São Paulo" com o título Metrô de São Paulo tem cada vez menos assentos chamou minha atenção, principalmente por ser paulistano e usuário deste transporte:

Matéria: Metrô de São Paulo tem cada vez menos assentos

Quem usa o metrô paulistano diariamente, como eu, já deve ter percebido uma redução de assentos, tanto nas composições velhas quanto nas novas.
Mas o que parece acontecer é que, ao meu ver, isto se trata de uma artimanha do governo estadual para acabar com as grandes aglomerações nas plataformas. Assim, mais pessoas são transportadas pelos mesmos trens, mas em situação absolutamente desconfortável e deplorável. Tudo isso para tentar ludibriar a população e fugir de melhorar a infraestrutura de transporte urbano.
A redução de assentos é boa? Sim, com certeza, ajuda a caber mais pessoas no vagão. O que não podemos é aceitar, ficar concordando com a redução de assentos pois em breve todas as composições só terão assentos reservados, ao mesmo tempo em que os problemas no transporte público ficam para o próximo gestor do estado, postergando a solução.

Resolvi então verificar, de forma um tanto informal mas baseado em dados oficiais, como vem se desenvolvendo o Metropolitano de São Paulo.

O Metrô paulistano iniciou suas atividades em setembro de 1974 com 6,5 quilômetros de linhas.
Hoje, após 40 anos e 9 governadores, por falta de investimentos em sua malha ferroviária, seu atendimento é precário e insuficiente para uma população de quase 11,5 milhões de habitantes.

São Paulo foi governado nos últimos 20 anos pelo PSDB, o qual construiu apenas 30,4 quilômetros de trilhos, isto é, um aumento de aproximadamente apenas 70% com relação à malha encontrada quando subiu ao poder. Pode parecer bastante, mas há um agravante: em 1994, o sistema metroviário já estava muito defasado, como pode-se verificar nesta reportagem da Folha de São Paulo de 13/09/1994:

Matéria: Metrô de SP completa 20 anos em crise financeira

Por outro lado, o número de usuários aumentou mais de 90% no mesmo período:








O caos do trânsito, que sempre aterrorizou os paulistanos que se utilizam de coletivos ou de condução própria, pode ter feito com que uma parte destes migrassem para o uso de metrô, além do próprio crescimento da população (16%) e do aumento de pessoas no mercado de trabalho.
Mas o fato é que os governantes passam por aqui, eximem-se do problema ao promoverem pouco avanço na área e mesclando esta quase inércia a iniciativas paliativas, terminando seus mandatos sem responsabilizarem-se ou sem serem responsabilizados pela falta de investimentos no setor.

Bibliografia:

Secretaria de Transportes Metropolitanos: http://www.stm.sp.gov.br/index.php/quem-somos-27/metro
Acesso em 07/03/2014.

Folha de São Paulo On Line: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/1994/9/13/cotidiano/17.html
Acesso em 07/03/2014.

Biblioteca Virtual: http://www.bibliotecavirtual.sp.gov.br/saopaulo-governadores.php
Acesso em 07/03/2014.

Fundação SEADE - Informações dos Municípios Paulistas – IMP/2013: http://www.seade.gov.br/index.php?option=com_jce&Itemid=39&tema=5
Acesso em 07/03/2014.

Fundação SEADE - Anuário Estatístico do Estado de São Paulo - População, por Sexo, segundo Grupos de Idade - Município de São Paulo - 1994: http://www.seade.gov.br/produtos/anuario/index.php?anos=1994&tip=ment&opt=temas&cap=2&tema=dem#1
Acesso em 07/03/2014.