quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

O que há por trás da COP 21?

O documento firmado na semana passada durante a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, em Paris trouxe novas perspectivas e esperanças aos jornalistas e aos ativistas "verdes". O acordo busca reduzir as emissões de carbono visando que o planeta sofra uma elevação de temperatura abaixo de 2 °C até 2100, em comparação à média do planeta antes da Revolução Industrial.

- O que fazer para alcançar isto?

Reduzir as emissões de GEE, como o CO2, cessando a queima de carvão e petróleo e adotando fontes de energia renováveis.

- Como pagar por isso?

Os países desenvolvidos desembolsarão 100 bilhões de dólares por ano aos países em desenvolvimento entre 2020 e 2025. Isto significa que os países desenvolvidos irão reduzir suas emissões e ainda investir em tecnologia nos países em desenvolvimento para que estes também reduzam suas emissões. Alguém aí acredita em Papai Noel?

Álcool X Gasolina


A eficiência energética do álcool é 32% inferior à da gasolina. Do ponto de vista energético, isto significa que 100 litros equivale a 68 litros de gasolina. No Brasil, o combustível fóssil é a principal matriz energética (54,1%). Isto significa que, para o Brasil substituir estes combustíveis pelo álcool, por exemplo, teríamos que aumentar em incalculáveis 378%. Uma tonelada de cana-de-açúcar produz 42 litros de etanol; esta mesma tonelada de cana precisa de 62 hectares para ser produzida. Se hoje ocupa-se uma área de 5 milhões de hectares para a produção atual, então seriam necessários mais 18,9 milhões de hectares.
Se isto parece impossível, imagine então isto aqui: Segundo dados da Agência Internacional de Energia (AIE), aproximadamente 87% da energia utilizada no planeta é oriunda de fontes não renováveis, como o petróleo, carvão mineral e gás natural.
Pode-se observar que o acordo de substituir o petróleo e seus derivados é utópico. Mesmo que falemos de uma substituição da ordem de 50% isto seria IMPOSSÍVEL em 50 anos, o que dizer para daqui a 5 ou 10 anos???!!! Isto se considerarmos apenas o álcool produzido pela cana-de-açúcar, o combustível renovável com melhor rendimento energético. Não há sequer possibilidade de pensar-se em substituir o petróleo por outros biocombustíveis.

Corrupção


Por outro lado, claro que os governos dos países em desenvolvimento estarão esperando de braços abertos a parte que lhes caberá neste latifúndio do rateio de US$ 100 bilhões anuais. Participei recentemente do curso Combate à Fraude e Corrupção nas Contratações Públicas, promovido pela Fundação Vanzolini e ministrado por Michael Kramer, investigador do Banco Mundial e membro do corpo docente da GovRisk e fiquei estarrecido com as informações sobre desvio de dinheiro enviados pelo Banco Mundial para a construção de escolas, hospitais e estruturas de saneamento básico, entre tantos outros investimentos, mas cujas quantias se perdem e não chegam aos seus destinos. Se somas em dinheiro destinadas à estruturas básicas de necessidade pública, muitas vezes necessárias á sobrevivência de uma população inteira, são desviadas, imaginem valores destinados a desenvolver e implantar substitutos de combustíveis!!! Se governos corruptos pouco se importam com a vida de seu próprio povo, eles iriam preocupar-se com combustíveis??? A corrupção é mundial, mas nos países em desenvolvimento raramente são punidas. Sim, o dinheiro será bem vindo...

Má intenção


Some-se à esta utopia que tais "investimentos" anuais pontuais em novas matrizes energéticas, menos eficientes, fariam com que houvesse a desaceleração da economia dos países em desenvolvimento, garantindo portanto a hegemonia econômica dos eternos colonizadores, ao lado dos EUA.
Além disso, quanto maior o consumo de biocombustíveis, menor a dependência com relação aos países árabes, os quais poderão ter reduzidas suas economias e suas capacidades bélicas.


Falei anteriormente que o aquecimento global é uma falácia. Então tudo o que o cerca e o alimente será sempre escuso e mau-intencionado. Mas acreditar em toda essa estorinha infantil de que o planeta pode aquecer 1,5 ºC mas não podemos deixá-lo aquecer 2 ºC, isto sim é gravíssimo pois é um sinal de que teremos uma geração de alienados sem suas próprias indagações.



Um abraço e até o ano que vem!!! Feliz Ano novo a todos!!!


Fontes:

http://www.udop.com.br/index.php?cod=855&item=noticias

http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/Desenvolvimento_Sustentavel/Agroenergia/estatisticas/producao/Perfil_Sucroalcooleiro_2008_09_versao_publicada.pdf

http://g1.globo.com/natureza/noticia/2015/12/acordo-de-paris-sobre-o-clima-veja-perguntas-e-respostas.html

http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/12/151212_acordo_paris_tg_rb

http://www.envolverde.com.br/1-1-canais/cop21-sucesso-historico-ou-fracasso-velado/



sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Aquecimento Global e caviar: Nunca vi, nem comi, eu só ouço falar...

O mundo está passando por momentos críticos. Enquanto isso a globalização, cantada romanticamente em verso e prosa nos anos 1980, vê seu braço midiático atingir o ápice ao criar em redes sociais comoções de repercussão mundial. Cenas de execuções sumárias, crianças mortas na praia e cartuns com humor negro de péssimo gosto põem em discussão sobre onde termina a liberdade total de expressão e onde começa a disseminação da violência, do preconceito e da segregação racial e religiosa.

Como se isso não bastasse, também nos anos 1980 foi criada a tese do aquecimento global, elegendo o dióxido de carbono como o principal responsável entre uma quadrilha conhecida como Gases de Efeito Estufa (GEE). Com teorias baseadas somente em modelos climáticos absolutamente fabulosos, no sentido literal de FÁBULA, bombardeiam os incautos com altas doses de terrorismo disseminadas pelos coniventes preguiçosos e omissos do mundo todo. Assim, nada melhor do que unir o útil ao agradável: a globalização, o aquecimento global e a rede global de computadores.

Não vou dissertar, aqui e agora, sobre dezenas e dezenas de razões para contradizer essa falácia imposta por políticos da ONU e corroborada por 2.500 "especialistas" do IPCC espalhados por todo mundo, e também não vou entrar no mérito dos motivos que os levaram a criar tal mito. Vou apenas ater-me à uma matéria veiculada pelo Greenpeace Brasil sobre as camadas de gelo no Ártico, veiculada no link abaixo:


Ártico continua diminuindo, e rápido


Segundo a matéria, o "índice mínimo de gelo na região é o quarto mais baixo desde que começou a ser medido; impactos serão sentidos no mundo inteiro com o desequilíbrio climático".
Vamos observar o trecho "desde que começou a ser medido": A notícia informa que as medições iniciaram em 1979, isto é, há 36 anos atrás. Até aí tudo bem, estão embasados em um estudo estatístico.
Mas segundo cálculos obtidos pelo método absoluto, que trabalha com os princípios da radioatividade (isótopos, meia-vida, etc.), a Terra teria aproximadamente 4,56 BILHÕES de anos. Ou seja, o período em que foram feitas as tais medições equivalem a 0,0008% da idade do planeta. Em outras palavras, 36 anos de medições não são capazes de provar NADA diante da idade do planeta. Quer saber, em termos práticos, o que significa esta bizarra afirmação?

Imagine afirmar que um determinado ser humano de 50 anos tem uma tendência a contrair câncer pois nos últimos 2 minutos ele coçou o braço 4 por vezes...

Continuando com a "notícia", existe lá um gráfico obtido do Centro Nacional de Dados sobre Neve e Gelo - NSICD, mantido pela Universidade do Colorado (EUA). A curva estabelece nitidamente uma característica senoidal, pois há variações de temperatura durante o ano.




Mas o fato é que o gráfico estabelece as curvas dos anos de 2007, 2011, 2012, 2014 e 2015, comparando-as com (pasmem!) uma absurda curva média do período de 1981 a 2010.
Não sou religioso, mas preciso de uma exclamação antes de opinar: Meu Deus do céu!!!
Qual a credibilidade em comparar uma média com um valor absoluto, se dentre os valores da própria média podem haver disparidades, negativas ou positivas, que ocorreram antes mas que ficam camufladas ao serem ocultadas pela média!!! Em termos práticos:

Frequentemente ouvimos que o Brasil possui 12% de toda água doce do mundo, logo, não deveríamos estar passando por uma crise hídrica. Estes 12% são o somatório de todos os recursos hídricos brasileiros, porém a realidade é outra: 80% dos recursos hídricos estão na região que possui apenas 20% da população, enquanto que os demais 20% dos recursos estão localizados nas regiões que possuem 80% da população. Sim, estou falando de um somatório que leva ao todo, mas se não observarmos os dados com uma lupa, incorre-se em erros crassos. No caso da distribuição hídrica, se olharmos apenas para os 12% estamos tranquilos, porém a DISTRIBUIÇÃO desses 12% é absolutamente desigual, não é uniforme.

Isto sem considerar novamente que, se usarmos os dados de uma ínfima porção de tempo diante de uma eternidade de anos, o máximo que iremos obter é uma espécie de fotografia do momento, e não uma base estatística plena. Além disso, o clima é CÍCLICO, imprevisível. Já houveram grandes e pequenas eras glaciais, assim como as temperaturas já elevaram-se muitos graus à ponto de o solo da Groenlândia, por exemplo, ficar totalmente à mostra, sem a camada de gelo. Porém isto acontece em centenas, milhares ou dezenas de milhares de anos, e não em parcos 36 anos...

Mas, fechando a matéria com chave de ouro, eis que a ONG conclama a todos:

"Se você acha que o Ártico deve ser preservado, em vez de explorado, junte-se a nós."

Porém, ao invés de informar sobre qual seria a causa disto estar ocorrendo e como poderia-se reverter este "problema", ainda que seja uma explicação apenas superficial, introdutória, eis que deixam um botãozinho de "Junte-se a nós", o qual leva o indivíduo de boas intenções a uma página de... doações???

Contra a lógica e o raciocínio não há "achismos" ou "superstições" que perdurem. Já está mais do que na hora de acabar com a palhaçada dessa farsa de aquecimento global que só serve para espalhar o terror e patrocinar a vida de "bons vivants" e aventureiros!!!


Até breve!!!

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Minhocultura ou Vermicompostagem

Reduzir o consumo, reusar e reaproveitar materiais usados ou reciclá-los: Estas são fórmulas já conhecidas quando falamos de resíduos sólidos secos, tais como papel, jornal, potes plásticos ou de vidro, entre muitos outros materiais. Mas como reduzir a quantidade de resíduos orgânicos (ou úmidos) que entregamos para a coleta pública?







COMECE A SUA!!!


Até a próxima.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Usinas Termoelétricas - O Estado de São Paulo na contramão do mundo

Há algumas décadas, cientistas do mundo todo elegeram os combustíveis fósseis como sendo os maiores responsáveis pela degradação do meio ambiente e apontam para as fontes de energia renováveis como a principal saída para o desenvolvimento sustentável. Mas infelizmente os governantes brasileiros não acompanham estas tendências mundiais.

O governador Geraldo Alckmin autorizou, e a EMAE - Empresa Metropolitana de Águas e Energia publicou em 07.07.2015 um Decreto chamando interessados em formar consórcio ou parceria em sociedade para a implantação e exploração de usinas termoelétricas movidas a gás natural.
Substituir gradualmente as matrizes energéticas não renováveis por tecnologias limpas: Este é objetivo ambiental mundial de longo prazo. Seria desnecessário expor aqui todos os malefícios sócio-ambientais causados pela queima de combustíveis fósseis, tamanha é a difusão, alcance e disponibilidade das informações sobre o tema. Mas parece que o governo do estado de São Paulo não dá importância aos estudos amplamente difundidos e segue caminhando em direção contrária.

Matéria: Governo lança pacote energético e SP vai ganhar seis usinas a gás



Segundo a matéria do link acima, serão gastos aproximadamente mais de R$ 6 bilhões para a implantação de 6 usinas, além de um gasoduto que também será construído para esta finalidade. O secretário de Energia João Carlos de Souza Meirelles afirma que Enquanto ele (o gasoduto) está sendo implantado nós vamos trazer gás natural liquefeito [...]. Esse gás pode vir de navio a uma temperatura de 250 graus negativos.

Pergunto eu: Se a energia solar é gratuita, se a energia eólica é gratuita, se a energia maremotriz (marés) é gratuita, por que desembolsar mais de 6 bilhões de reais em energia de matriz energética fóssil? E se todas estas fontes de energia que citei são renováveis, limpas e com baixíssimo impacto ambiental, porque caminhar na contramão da humanidade investindo em uma matriz extremamente poluente e não-renovável? Para que gastar milhões de reais para construir milhares de quilômetros de gasodutos se aquelas fontes renováveis podem ser captadas e convertidas "in situ"?


Matéria: Cinzas de termelétrica cobrem carros e invadem casas em Candiota, RS




O que também chama a atenção, por ser tão extremamente preocupante quanto a construção das usinas, é a afirmação do próprio governador do estado: "A construção de usinas a gás é a alternativa encontrada pelo governo nos tempos de crise hídrica, já que as hidrelétricas são as principais geradoras de energia. Evidentemente para ampliar o consumo de gás e sobretudo gerar energia elétrica a partir do gás que é a coisa mais rápida que temos, afirmou Alckmin".

Como assim "é a coisa mais rápida que temos"? Percebe-se aqui toda a falta de planejamento que permeia os governos paulistas. Esta ingerência e negligência crônicas foram as responsáveis, por exemplo, pelo estrangulamento do abastecimento de água em São Paulo. Os governos que se sucedem há mais de 20 anos sempre trataram o assunto "saneamento" como não prioritários, sempre socorrendo o setor exatamente desta mesma maneira, com obras rápidas, emergenciais, com um pobre pensamento imediatista sem preocupar-se com situações futuras. Como diria minha avó: "Correndo atrás do próprio rabo".

Ainda segundo o próprio governador, o gasoduto tem previsão para estar pronto em 7 anos. Porém, basta observarmos o Projeto Tietê, por exemplo, cuja previsão era de despoluição em 10 anos mas hoje, mais de 20 anos e 6 bilhões de DÓLARES depois, o rio continua morto. Ou então observar a que passos lentos o Metrô de São Paulo é construído.


Querem uma indignação mais "voluptuosa"? Segue abaixo o link de um estudo cujo título é "Um futuro com energia sustentável: Iluminando o caminho". O estudo foi feito (pasmem!) pela FAPESP, também conhecida como Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo... Pergunto: Para que serve a FAPESP???


Link: Relatório FAPESP "Um futuro com energia sustentável: iluminando o caminho"


No referido estudo consta a seguinte conclusão:

"A dependência de combustíveis fósseis para satisfazer a maior parte das necessidades mundiais de energia está no cerne do desafio da sustentabilidade que confronta a humanidade neste século. A combustão de gás natural, petróleo e carvão gera emissões de dióxido de carbono, juntamente com outras formas prejudiciais de poluição atmosférica. O número cada vez maior de usinas a carvão poderá criar passivos climáticos consideráveis durante as próximas décadas. Ao mesmo tempo, a perspectiva de uma competição global mais acirrada e potencialmente desestabilizadora por suprimentos de petróleo e gás natural relativamente baratos e acessíveis está, novamente, gerando preocupações urgentes sobre a segurança energética em muitas partes do mundo. Enquanto isso, para muitos países pobres, gastos com petróleo e outros combustíveis importados consomem uma grande parte das divisas que poderiam ser utilizadas para investir em crescimento econômico e desenvolvimento social."

A própria FAPESP enfatizou em seu estudo o senso mundial comum sobre a mudança das matrizes energéticas:

"Cada vez mais comuns em muitos países, as políticas governamentais – normalmente motivadas pelas mudanças climáticas e preocupações com a segurança energética – têm desempenhado um papel importante no estímulo aos recentes investimentos em energia renovável. Atualmente, pelo menos 45 países, incluindo 14 países em desenvolvimento, adotaram diversas políticas – muitas vezes combinadas – para promover a energia renovável."

Segundo seu próprio sítio, a FAPESP é "uma das principais agências de fomento à pesquisa científica e tecnológica do país. Com autonomia garantida por lei, a FAPESP está ligada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Inovação e Tecnologia do Governo do Estado de São Paulo.
Com um orçamento anual correspondente a 1% do total da receita tributária do Estado, a FAPESP apoia a pesquisa e financia a investigação, o intercâmbio e a divulgação da ciência e da tecnologia produzida em São Paulo."


Em resumo, usinas termelétricas à gás são um pouco menos poluentes que outras à petróleo ou carvão, mas isto é muito pouco para investir-se bilhões apenas nesta alternativa que consome água e emite milhões de toneladas de resíduos particulados que causam poluição do ar e chuva ácida. Claro que o Brasil precisa desenvolver-se, crescer e permitir a geração de empregos e consequentemente a inclusão social, e óbvio que isto depende diretamente de sua capacidade energética, a qual tem andado em crise pois sua matriz é 70% hidráulica e temos atravessado épocas de fortes estiagens ocasionando a queda acentuada de rios e reservatórios. Mas percebemos que não há, por parte de nossos governantes, qualquer intenção em tornar este país mais ambientalmente correto e tornar este desenvolvimento sustentável. Estudos científicos apontam nessa direção então devemos orientarmo-nos por eles, caso queiramos que as futuras gerações possam também usufruir plenamente de nosso planeta.
O tempo está passando e apenas soluções imediatistas e paliativas são executadas, sem o mínimo vislumbre do futuro que nos espera.


Até a próxima e um abraço a todos...



quarta-feira, 27 de maio de 2015

Compostagem humana

Nos Estados Unidos, um projeto começa a ganhar notoriedade por sua originalidade, seja ela positiva ou negativa. Seu nome é Urban Death Project. Seu objetivo: construir o primeiro centro de compostagem humana.

Segundo a idealizadora, a arquiteta norte-americana Katrina Spade, em entrevista concedida ao The New York Times (link), este será um novo passo para o sepultamento humano, deixando para trás a cremação e os possíveis gases de efeito estufa liberados.
"Quando falamos em compostagem, lembramos de cascas de banana e borras de café, mas nosso corpo também possui nutrientes", diz a arquiteta fundadora e diretora executiva da Urban Death Project (tradução literal: Projeto Morte Urbana).

Como o próprio nome diz, isto ainda é um projeto, mas a intenção de Katrina é construir a primeira instalação em Seattle (EUA) o mais breve possível e, posteriormente, difundir uma padrão para que as pessoas possam construir instalações em suas próprias comunidades. "Como bibliotecas", observa ela.

A página oficial do projeto traz algumas perguntas e respostas prontas. Esta é uma delas:


  • Os compostos são seguros?

- A compostagem gera calor, portanto mata vírus e bactérias comuns. Uma pesquisa feita com a compostagem de animais mortos revelou que a temperatura no interior do composto alcança 140 graus Fahrenheit, o que é suficientemente elevada para matar agentes patogênicos. Os agricultores estão usando a compostagem a fim de eliminar, de forma segura, os seus animais mortos, bem como controlar o odor e o escoamento. O projeto é refinar este processo para que seja apropriado e significativo aos seres humanos em um ambiente urbano.


A entrevista finaliza descrevendo que, em uma teleconferência na manhã seguinte, o Sr. Carpenter Boggs, cientista de solos, sugeriu a adição de algum material rico em nitrogênio para que a compostagem seja impulsionada. "Para o gado, o estrume seria o ideal", ela disse, "mas não é apropriado para os seres humanos". Em vez disso, ela recomendou feno de alfafa ou pallets de madeira. A Sra. Spade sorriu e disse "Quem não quer ser colocado para descansar na alfafa?".

PS.: Cada corpo compostado custará aos parentes uma bagatela de $ 2,500 (dois mil e quinhentos dólares).


Aqui vão algumas observações minhas...



  • De acordo com o que informa o tal projeto, a temperatura alcançada durante o processo de decomposição é suficiente para matar bactérias e vírus. A temperatura mencionada é de 140 °F (Fahrenheit), o que equivale a 60 °C (Celsius). Sim, a liberação de calor durante o processo realmente atinge esta temperatura porém, como é de ciência comum entre os corredores do Saneamento Básico, isto não é suficiente para eliminar TODOS os microrganismos patogênicos. Muitos deles são termotolerantes, como os coliformes fecais, e somente podem ser mortos com temperaturas acima de 100 °C (ebulição da água). Considerando que o intestino humano possui mais bactérias do que todas as células do corpo juntas, isto é, 100 TRILHÕES DE BACTÉRIAS, poderíamos afirmar que 65 °C seriam para elas como um "dia quente de verão" para nós. Seria seguro o tal composto para manipulação humana?

  • Os corpos em decomposição liberam de 30 a 40 litros de líquidos corporais conhecidos como chorume cadavérico ou necrochorume, durante os primeiros 6 meses após a morte. O chorume cadavérico contém 60% de água, 30% de sais minerais e 10% de substâncias orgânicas, duas delas altamente tóxicas: a cadaverina e a putrescina ALTAMENTE SOLÚVEIS EM ÁGUA. Sabemos que a matéria orgânica é volatilizada (evaporada) quando aquecida em estufa ou forno mufla a temperaturas entre 105 °C e 360 °C, e o máximo de temperatura que essa massa orgânica irá sofrer é de 60 ºC !!! Em momento algum verificamos nesse tal projeto de compostagem qual será a concentração destas substâncias no composto orgânico final. A página deles observa que o uso do composto é para árvores e vegetações paisagísticas, não devendo ser utilizado em hortaliças, pomares e etc., mas qual o risco dessas substâncias percolarem o subsolo carreadas pela infiltração das águas das chuvas ou das irrigações e atingirem águas sub-superficiais e até mesmo lençóis freáticos e aquíferos? O necrochorume não volatiza à temperatura da compostagem, portanto quais os riscos do contato com o composto final?

  • Eu não tenho tabus ou paradigmas religiosos com relação ao destino do corpo após a morte. Mas sabendo-se que aproximadamente 80% dos americanos possui alguma religião (aqui no Brasil 92% têm religião), e considerando como verdadeiro a declaração de que alguns fazendeiros norte-americanos têm feito isso com seus animais mortos, por que então não partiram inicialmente para experiências com cadáveres de animais domésticos para sentir a receptividade (ou a rejeição)?

  • O corpo humano possui altos teores de gordura, que varia de pessoa para pessoa. Em contato com a umidade, as moléculas de gordura são quebradas e ácidos graxos são liberados. Estes ácidos INIBEM A PROLIFERAÇÃO DE BACTÉRIAS PUTREFATIVAS, retardando a decomposição e estendendo o risco de contaminação. Isto foi previsto no projeto?


  • Uma última coisa: da mesma forma que existe a possibilidade de cemitérios funcionarem sem os devidos cuidados ambientais inerentes ao seu licenciamento ambiental (quando existem), quem garante que essa compostagem humana também será 100% confiável?

Minha conclusão: Não há base científica alguma para levar esse projeto adiante. Os conhecimentos de arquitetura desta senhora são absolutamente insipientes diante da interdisciplinaridade do assunto. Acredito que isto seja um tremendo engôdo sensacionalista.



Sintam-se livres para comentar.
Um abraço e até a próxima.


Fontes:

Human Death Project

The New York Times

e-Cycle

Paulo Lopes

Universidade Federal do Pará

CREA-SC

Química Nova Interativa

Diário de Pernambuco

PasseiWeb

Acqualive

Instituto Mauá de Tecnologia

Física no Zuleika

terça-feira, 5 de maio de 2015

Cobrança de ar ao invés de água nos hidrômetros domésticos: Verdade ou falta de informação?

INTRODUÇÃO - AS LENDAS URBANAS VIRTUAIS


O Brasil vem demonstrando o resultado sinistro de um processo político-social mal planejado e intencional: Uma “simbiose” entre o excesso de liberdade e a falta de educação formal.
Verificamos hoje o descrédito das tradicionais empresas jornalísticas, cada vez mais tendenciosas e sensacionalistas, procurando sobreviver à perda de sua audiência pulverizada entre as redes sociais. Tais redes (facebook, youtube, etc.) também perderam seus propósitos iniciais (meio de comunicação entre pessoas distantes, círculos de amizade, álbum de vídeos ou fotos, etc.) e tornaram-se uma espécie de “Exú virtual” (Exú: Entidade espiritual cultuada nas seitas afro-brasileiras cuja incumbência é, além de trabalhar como um “mensageiro” dos orixás, atender aos desejos humanos, independente se os pedidos são benéficos ou maléficos a alguém).
Pessoas são incriminadas ou endeusadas de forma efêmera e em alta velocidade, verdades tornam-se mentiras, mentiras tornam-se comoção nacional, desconhecidos transformam-se em campeões de audiência, teorias de conspiração absurdas multiplicam-se e são disseminadas e vociferadas cheias de ódio em troca de algumas “curtidas”...

No final do ano passado fiz algumas postagens sobre o uso indiscriminado, por parte da imprensa, de falsas informações ou de informações dadas sem o mínimo cuidado de verificar-se a veracidade ou procedência, importando-se apenas em alcançar objetivos escusos ou simplesmente preencher um espaço. Veja as postagens aqui ou aqui.

TEORIAS DE CONSPIRAÇÃO


Visando especificamente as áreas em que possuo algum conhecimento (hidráulica, saneamento, meio ambiente e adjacências), decidi “entrar de vez nessa dança” e contribuir um pouquinho com a quebra de algumas dessas “desinformações” que circulam em velocidade astronômica pela internet.

Para já iniciar exemplificando, no final do ano passado circularam alguns vídeos amadores de pessoas questionando o estresse hídrico do Sistema Cantareira, alegando teorias absurdas desde contrabando de água até o envolvimento dos “Iluminatti” (veja o vídeo aqui). Foram posteriormente desmentidos por matérias veiculadas por especialistas da área (veja o vídeo aqui), mas tais vídeos atingiram milhões de pessoas. Quantas dessas pessoas receberam informação contrária, desmentindo toda a baboseira? Quantas ainda acreditam em tais engodos?

Há um pouco mais de tempo vêm sendo postados vídeos por moradores de diversas regiões do Brasil reclamando sobre o “fornecimento de ar” que as concessionárias de serviços públicos de saneamento estariam cobrando dos consumidores no abastecimento de água. Selecionei aqui apenas três entre os vários existentes:

Vídeo 1
Vídeo 2
Vídeo 3


A pergunta que não quer calar: “Quando o ar entra no encanamento e faz o hidrômetro girar, a conta de água não aumenta?”.


De acordo com as concessionárias de abastecimento de água, o ar que entra na tubulação faz o hidrômetro rodar para frente (quando entra na tubulação) e para trás (quando sai da tubulação), portanto, o giro para um lado compensa o giro para o outro. Teoricamente falando, isto é verdade. Vejamos:


Sabemos que uma parte do abastecimento de água é feita por gravidade, porém isto nem sempre é possível. Invariavelmente há um grande desnível entre os reservatórios locais e as residências situadas em cotas muito mais altas. Para que a água chegue até estes consumidores é necessário uma pressão maior somente alcançada por meio de pressurizadores de água chamados boosters, que são bombas d’água de fluxo constante.

Quando a concessionária suspende o abastecimento para manutenção de bombas, da rede ou então por rodízio ou racionamento programado, haverá no sistema uma desaceleração brusca da velocidade da água nas tubulações que tenderia a parar e estabilizar-se gradativamente se não houvesse o mencionado desnível, isto é, se tubulação e reservatório estivessem nas mesmas cotas. Porém, o que se observa na prática, após a interrupção, é o movimento da água agora no sentido contrário, seja porque as residências estarão em cota (nível) mais elevada do que os reservatórios ou que os próprios boosters, seja porque a água obedece à lei hidráulica dos “vasos comunicantes” (vide mangueiras de nível). O fato é que toda a água existente nas tubulações retornará para as partes mais baixas da rede e se equilibrará assim que não houver mais “espaços” para onde escoar, o que irá variar principalmente devido ao consumo de água “da rua” (água da rede) nas regiões mais baixas, isto é, enquanto houver consumo nas regiões baixas haverá escoamento das regiões mais altas. Ao escoar das partes mais altas, a água da tubulação irá gerar outro fenômeno físico: A tensão trativa ou de arraste.
A tensão trativa (ou tensão de arraste) é definida como a tensão tangencial (ou cisalhante), exercida pelos fluidos sobre as paredes da canalização. Não entenderam? Eu explico em outras palavras: À grosso modo, tensão trativa é uma pressão negativa ou de sucção. Este fenômeno físico fará com que o ar que porventura exista na tubulação seja arrastado logo após a água.


Aqui poderia surgir uma pergunta: “Que ar seria arrastado se a tubulação deve ser absolutamente vedada e pressurizada para impedir a entrada de contaminantes advindos do solo?”. Teoricamente isto realmente não poderia ocorrer, mas na prática não é assim que funciona... Basta verificarmos os índices médios no Brasil de perdas físicas nas redes de abastecimento de água: 38% (em São Paulo este índice é de 33%). Tais perdas são ocasionadas principalmente por tubulações rompidas no subsolo e ligações clandestinas feitas de forma precária, que são portas de entrada para o ar ser arrastado dentro das tubulações.
Além disso, uma vez que as interrupções no abastecimento de água ocorrem sem data e/ou horário pré-determinado e estando os registros dos hidrômetros abertos, o escoamento (tensão trativa) atinge ainda a tubulação interna das residências, arrastando toda a água que estiver em contato com a tubulação ligada àquele aparelho de medição (isto não inclui o encanamento interno que estiver ligado ao reservatório – caixa d’água - da residência por tratar-se de outro sistema). Ao esgotar-se a água dos encanamentos, haverá o arraste de ar por meio da boia da caixa d’água que estará “aberta” se estiver abaixo de seu nível de abertura.

Pois bem, demonstramos até aqui que a entrada do ar seria apenas o retorno dele que, teoricamente até este momento, havia anteriormente escoado, o que se supõe não influenciar nas medidas realizadas pelo hidrômetro, uma vez que este aparelho funciona nos dois sentidos (demonstração no link acima).

Há algum tempo eu pretendia escrever algo a respeito deste assunto, principalmente após ter visto “pipocar” em diversas postagens enfurecidas no Facebook um dos vídeos acima exemplificados. Tentei por várias vezes comentar e acalentar a alma de várias pessoas e, em poucas palavras, justificar tais fatos, porém em vão. Esbarramos invariavelmente em determinadas pessoas que, no afã de denegrir uma empresa ou pessoa, deixam de ouvir a razão e agem apenas pela emoção. Ouvi frases tais como “isso do ar virar o relógio ao contrário eu nunca vi, mas girar com o ar entrando estou cansado de ver...” Como eu disse anteriormente, é mais fácil flagrarmos o momento da entrada de ar do que a saída, pois não há prévio aviso para o corte no abastecimento. Porém sempre aguardamos ansiosos a chegada da água... Assim, para que eu pudesse comentar algo sobre o assunto sem ser “carinhosamente” desacreditado pelos colegas, faltava ainda comprovar esta saída de ar e a marcação inversa do hidrômetro na prática.

Dias atrás, em minha casa, para que eu fizesse a manutenção da vedação do registro de uma torneira na pia da cozinha, vi-me obrigado a fechar o registro de entrada no hidrômetro, uma vez que não há esta “facilidade” dentro daquele ambiente. Para minha surpresa, antes de girar o registro, notei que os marcadores estavam girando ao contrário... Ali estava a prova que me faltava!!! De posse de uma câmera digital e com a ajuda de minha esposa, consegui captar alguns momentos finais do recuo do ar sendo arrastado e girando os ponteiros no sentido anti-horário, isto é, descontando o volume escoado.
Preparando esta postagem, fiz uma pequena pesquisa no youtube à procura de vídeos que denunciavam a tal “cobrança de ar” para ilustrar os dois lados do assunto, e deparei-me com outra surpresa: Encontrei pelo menos mais dois vídeos onde as pessoas alegavam estarem sendo enganadas pela concessionária devido à cobrança de ar, porém OS PONTEIROS ESTAVAM GIRANDO AO CONTRÁRIO! Não sei se foram movidas ou não pelas outras “denúncias”, mas o fato é que não perceberam estar registrando exatamente o oposto do que diziam.
Melhor “municiado” de provas incontestes, resolvi baixar tais vídeos e, juntamente com aquele que realizei montei uma pequena compilação, a qual também publiquei no youtube e que disponibilizo à seguir o link:


Acima de todas estas comprovações restou-nos um alerta: O alto grau de possibilidade de contaminação de nossas redes de abastecimento de água.

1º. Os altos índices de perdas físicas de água são potenciais portas de entrada de micro-organismos patogênicos e/ou de substâncias prejudiciais à saúde. Vale lembrar que no nosso subsolo estão também as tubulações coletoras de esgotos e de águas pluviais, as quais também podem romper e despejar um grande volume de águas residuárias a serem succionadas para o interior da tubulação de distribuição e de adutoras, aguardando o acionamento do bombeamento e consequente distribuição desta mistura nociva;

2º. A passagem de água e ar succionado das caixas d’água das residências (que na teoria não deveria ocorrer) para as redes públicas também pode ser uma porta de entrada de patogênicos. Toda a população está à mercê de uma contaminação originada nos reservatórios domésticos, seja por má conservação ou por mau uso, seja pela falta de uso ocasionada por residências fechadas, sem moradores, onde a proliferação de pragas, tais como ratos e pombos, pode ocasionalmente esconder seus ninhos ou seus óbitos.

Bloqueadores de ar


De acordo com os fabricantes, os bloqueadores de ar são dispositivos instalados APÓS o hidrômetro (instalar antes do aparelho é proibido e ocasiona multa) visando impedir o fluxo de ar porém permitindo a passagem de água.
Os fabricantes prometem até 50% de economia na conta de consumo, porém o dispositivo não possui certificação do INMETRO. Mas a maioria das concessionárias alega que, por não haver certificação ou regulamentação do dispositivo, sua utilização pode acarretar a contaminação de todo o sistema. Vejam algumas ocorrências:

- Em Bebedouro, interior de São Paulo, a concessionária local solicitou que os consumidores retirassem os bloqueadores instalados (vide matéria);

- Na cidade de Feira de Santana (BA), a câmara aprovou no ano passado um Projeto de Lei obrigando a EMBASA a instalar bloqueadores na residência dos consumidores que se sentirem prejudicados com a "cobrança de ar", mas ainda não foi sancionado pelo prefeito (vide matéria);

- A COPASA, concessionária mineira de abastecimento de água, colocou à disposição dos consumidores a venda e instalação espontânea àqueles que desejarem obter dispositivos com laudo de proficiência emitido pela UFMG ou pela UNIFEI, cobrando valores "bem salgados" e estabelecendo exigências rígidas para adaptação e fiscalização do aparelho, porém ainda assim deixa claro que tais dispositivos não produzem diferenças significantes no consumo, segundo testes realizados pela UFMG e divulgação do PROCON (vide matéria);

- O programa dominical Fantástico, da Rede Globo de Televisão, produziu uma matéria sobre o uso do dispositivo e o resultado de testes realizados pela USP São Carlos, porém sem uma definição conclusiva à respeito (vide o vídeo com a matéria).

Portanto tudo o que existe sobre o assunto Bloqueadores de Ar ainda está longe de uma posição definitiva, o que nos remete ao pensamento de que se não há aprovação do INMETRO, não se deve ser usado.
E na minha opinião pessoal, se partirmos do princípio de que não há perdas para o consumidor no balanço entre saída e entrada de ar que passa pelo hidrômetro, não há motivos para gastos com esse dispositivo.


Até a próxima!!!


Fontes (além daquelas inseridas no texto):


http://radios.ebc.com.br/revista-brasil/edicao/2015-03/perdas-de-agua-no-brasil-desperdicio-fica-em-torno-de-38

http://www.tecnocontrol.com.br/produtos/pressurizadores-tipo-booster/pressurizadores-de-redes-de-agua-tipo-booster/

http://www.samasa.com.br/dica.php?id=1&pagina=1



Fontes dos vídeos da compilação:

Vídeo 1

Autoria própria

Vídeo 2

Título: Vento encanado, novo serviço da Sabesp
Autor: Jonas Carvalho
Endereço: https://www.youtube.com/watch?v=siQjgW0igJU

Vídeo 3

Título: Hidrômetro roda ao contrário
Autor: Diário da Região
Endereço: https://www.youtube.com/watch?v=E-TO2d-8RTs

quinta-feira, 19 de março de 2015

Logística Reversa: Lâmpadas e afins

As determinações da Política Nacional de Resíduos Sólidos, aprovada em 2010, estão muito atrasadas, então precisamos, ao menos, que sejamos informados do pouco que vem sendo feito, com o agravante de que as informações veiculadas pelos meios de comunicação, ultimamente, têm ficado em segundo plano, os quais elegeram as desinformações como prioridade.

Em 27/11/2014 foi assinado o acordo setorial para implantação em abrangência nacional da LOGÍSTICA REVERSA DE LÂMPADAS, cujo extrato do Edital foi publicado dia 12/03/2015 no Diário Oficial da União.

SINIR

Edital do acordo na íntegra

Isto significa que os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de lâmpadas, signatários do acordo, serão responsáveis pela coleta e destinação adequada dos resíduos gerados nos domicílios, isto é, descartados pela população, DESDE QUE O CIDADÃO ENCAMINHE O RESÍDUO ATÉ OS POSTOS DE COLETA. É a chamada LOGÍSTICA REVERSA.

Lembrando que esta regra abrangem apenas as lâmpadas fluorescentes compactas e tubulares, de luz mista, a vapor de mercúrio, a vapor de sódio, a vapor metálico, lâmpadas de aplicação especial ou quaisquer outros tipos que contenham mercúrio. As Lâmpadas LEDs, incandescentes e halógenas não fazem parte do acordo.



PLANOS DE GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Com relação aos Planos de Gestão, tanto a entrega quanto as informações oficiais permanecem muito atrasadas.
De acordo com o IBGE (2014), em 2013 apenas 1/3 dos municípios declararam ter seus planos.

LINK

Para os Planos Estaduais de Resíduos Sólidos, Planos Microrregionais, Metropolitanos ou de Aglomerações Urbanas de Resíduos Sólidos e os Planos Intermunicipais de Resíduos Sólidos, a situação é ainda pior: não há sequer um dado sobre as entregas ou publicações.

O Plano Nacional aguarda aprovação.


Um abraço a todos e até a próxima.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

De repente, Califórnia...?

Não, esta não é uma postagem sobre o sucesso dos anos 1980 do músico, cantor e compositor Lulu Santos. O título é apenas uma alusão às referências que muitas pessoas vêm fazendo para "justificar" a atual situação de estresse hídrico que estamos passando.


Durante um dos debates ao vivo pela televisão, questionado sobre o problema da falta de água, Geraldo Alckmin recorreu a exemplos de outros países que estariam vivenciando um momento idêntico de estiagem, e citou a Califórnia, nos Estados Unidos da América.

O estado norte-americano da Califórnia enfrenta realmente uma seca histórica há 4 anos. Seus reservatórios estão com aproximadamente 50% da capacidade. O governador Edmund G. Brown Jr. declarou em janeiro  de 2014 emergência devido à seca e conclamou sua população a enfrentar o problema utilizando a água com consciência.

Sítio oficial do Estado da Califórnia

(Veja aqui a declaração de Brown)

(Vídeo com os californianos afirmando que "não desperdiçam água")


Quando fazemos uma citação, a ética obriga-nos a fazê-lo por inteiro, sem omissão, na íntegra. O então e atual governador "esqueceu-se" de mencionar fatos cruciais os quais, obviamente se mencionados, fariam com sua derrota fosse inevitável. Claro, afinal como ele poderia informar aos incautos eleitores que a estiagem na Califórnia já durava (no ano passado) 3 anos, mas seus reservatórios estavam com mais de 50% da capacidade, enquanto que o Sistema Cantareira, na mesma época, estava entrando no segundo volume morto pois o nível chegou a 5% por duas vezes. Como explicar que os gestores da Califórnia fizeram seu dever de casa, não é mesmo?

Como eu já disse algumas vezes, esta chamada "crise" tão propalada nada mais é do que um fenômeno normal da natureza, assim como as baixíssimas temperaturas e as nevascas ocorridas agora nos EUA, que a exemplo desta estiagem, ocorreram também no ano passado. São ciclos, alguns mais duradouros que outros, alguns mais intensos que outros.

Mas se são CICLOS, são previsíveis. Não no sentido de datas, isto ainda é quase impossível, mas no sentido de PRECAVER-NOS. Por exemplo: TODO profissional da área de infraestrutura hidráulica sabe que seus projetos devem atender a um horizonte onde há probabilidade de que um evento climático extremo possa ser igualado ou SUPERADO.
Por exemplo, se houve uma seca histórica há 80 anos atrás, então as próximas obras hidráulicas devem ser projetadas tendo por base este dado, de forma a prever uma estiagem ainda maior. Da mesma forma, um evento de chuva extremo terá sempre alguma probabilidade de voltar a ocorrer, então projeta-se uma estrutura com base nisto.

Para o abastecimento de água deve haver exatamente a previsão destes dois eventos: estiagem e chuva extremos. Mas isto não foi feito por aqui.

Na Califórnia, a atual estiagem é a terceira maior desde que iniciaram-se os monitoramentos por lá, há 119 anos. Vejam bem: É a TERCEIRA maior, e não a maior. Mas lá existem gestores que fazem sua lição de casa. Por isso que, apesar de a seca deles estar chegando no 4º ano, seus reservatórios ainda possuem um volume considerável. Mas mesmo assim, diversas alternativas estão sendo colocadas em prática, vários estudos foram feitos visando a provável manutenção desta situação por mais algum tempo e, o que é mais importante, seu gestor vindo à público conclamando sua população e esta, em ressonância, apoia as iniciativas. Este é o segredo: não esperar que a própria natureza resolva o problema.

Como disse o Governador Brown em seu pronunciamento:

"Este é um problema natural e precisamos aprender a conviver com a mãe natureza".

Em outras palavras: A natureza é assim mesmo; nós é que devemos nos adaptar a ela.


Um abraço a todos.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Água destilada faz bem à saúde: Mito ou verdade?

Desde os meus tempos de escola até os dias de hoje ouço a recomendação de que não se pode beber água destilada pois, uma vez que não possui quaisquer outros componentes diluídos, principalmente sais minerais, estes migrariam do corpo para a água pelo princípio da osmose e ainda, por não ser retida pelo organismo, ironicamente levaria o corpo à desidratação.


Estudos divulgados pelo professor Dr. Milton Luiz Paz Lima, do Instituto Federal Goiano, demonstram que a água destilada não faz mal algum à saúde, muito pelo contrário, a água destilada pode trazer uma infinidade de benefícios.

Veja a matéria


Para a nutricionista Isis Moreira, a água destilada ajuda a eliminar toxinas e tem maior poder de hidratação. A consequência é um corpo que melhor aproveita a água ingerida, desinchando o corpo justamente por causa daquelas duas capacidades.

Veja a matéria


Para Carlos Braghini Jr., nutricionista, outros mitos sobre os malefícios da água destilada estariam relacionados à FORMA como ela é obtida, como por exemplo alguns contaminantes voláteis, como os trihalometanos, evaporariam-se com a água, condensariam-se e permaneceriam dissolvidos na água destilada. Para Braghini, isto acontecia em destiladores mais antigos. Os mais modernos possuem sistema de ventilação que elimina estes gases antes do início da fervura da água. Ele afirma que a água devidamente destilada está muito longe de causar malefícios à saúde, sendo sua maior vantagem seu elevado grau de pureza em relação à outros métodos (osmose reversa, alcalinização, ionização, etc.).

Veja a matéria

 Creio que esta é mais uma lenda urbana a ser derrubada.


Uma matéria do jornal The New York Times traz as opiniões de dois especialistas em água e nutrição da Cornel University: Joseph H. Hotchkiss, professor de ciência alimentar, e Ann T. Lemley, professora da Faculdade de Ecologia Humana.
Para eles, beber água destilada é seguro: não elimina sais minerais, é absorvida sim pelo corpo humano e não possui microrganismos vivos, uma vez que são mortos pelas altas temperaturas do processo de destilação.
A única ressalva é que, em locais com acesso à água potável tratada adequadamente em padrões internacionais, não se justifica produzir a água destilada pois o tratamento tradicional é muito barato do que a destilação, que gasta muita energia para ser produzida.

Veja a matéria


Portanto, se traz benefícios à saúde eu não sei. Mas potável acredito que seja. Afinal de contas, se verificarmos os processos de produção de vários produtos direcionados ao corpo humano, principalmente os medicamentos de ingestão oral, verificaremos que eles são produzidos com água destilada.

Um abraço a todos e visitem nossa página: www.saneamentoemeioambiente.com.br

Até a próxima.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

São Paulo, futura nova capital do sertão.

São Paulo vive um momento histórico, sem precedentes e sua população permanece desinformada.

O volume das represas do Sistema Cantareira continua em queda, atingindo no final do dia de ontem (13/01/2015) a incrível marca de 6,97%. Há duas semanas, tomou posse o novo presidente da SABESP, Sr. Jerson Kelman. Em seu primeiro pronunciamento disse: "Lamentavelmente, São Pedro tem errado a pontaria. Tem chovido, mas não nos lugares que tem que chover. Temos que torcer que São Pedro melhore a pontaria".

Na verdade, com uma piada infame dessas, o senhor Kelman poderia trabalhar como comediante no Zorra Total.

Veja aqui a matéria


Dia 13/01/2015, a Juíza Simone Viegas de Moraes Leme acolheu favoravelmente ama ação impetrada pela Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) suspendendo a cobrança de uma multa para os usuários que apresentassem aumento de consumo.

Eis um trecho do despacho: "Lastimamos nós, população, que a solução da crise esteja à mercê de São Pedro, pois não há nenhuma possibildade de controle de quando e quanto irá chover nos próximos meses", afirma a juíza. "A lição de casa deve ser feita por todos e não somente pelos consumidores."

Perfeita a decisão da juíza, bem como perfeita sua visão da situação. Tudo o que o governo do estado e a SABESP mais querem é empurrar para alguém a obrigação de reduzir a vazão dos reservatórios.

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Enquanto isso, finalmente o Governador de São Paulo declara À TODA A POPULAÇÃO aquilo que já era notório: "O racionamento já existe. Quando a ANA [Agência Nacional de Água] determina que você que tem que reduzir de 33 para 17 [ metros cúbicos por segundo] no Cantareira é óbvio que você já está em restrição".

Não, senhores leitores... Não é "óbvia" a restrição para milhões de habitantes leigos, carentes de informações claras e fidedignas. As informações foram desmentidas por meses evitando-se a palavra RACIONAMENTO em prol de uma campanha política.

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O que mais deixa-me indignado: Se a ANA não tivesse feito a IMPOSIÇÃO da redução do volume de abastecimento, isto é, se não tivesse ordenado o racionamento, o Cantareira já estaria seco há SEIS MESES ATRÁS, pois isto sempre foi refutado pelo governador. Na verdade, racionamento deveria ter sido implantado HÁ UM ANO ATRÁS!, no início desta seca histórica!! Aliás, histórica mas previsível, diga-se de passagem...
Enquanto isso, nada de concreto vem sendo implantado. Pelo visto, as únicas estratégias do governo e da SABESP eram ameaçar o consumo com multa ou rezar para São Pedro. A primeira foi caçada e a segunda está cada vez mais distante... São Paulo, futura nova capital do sertão.