sexta-feira, 7 de março de 2014

A defasagem do sistema metroviário de São Paulo

O transporte sobre trilhos é um dos maiores exemplos de sustentabilidade do setor logístico, pois utiliza energia limpa e renovável. Mas os governantes brasileiros, historicamente, têm uma tendência a investir em malhas rodoviárias, favorecendo o uso de veículos movidos a combustíveis fósseis muito mais caros, não renováveis e altamente poluidores.

Uma matéria publicada hoje no jornal "O Estado de São Paulo" com o título Metrô de São Paulo tem cada vez menos assentos chamou minha atenção, principalmente por ser paulistano e usuário deste transporte:

Matéria: Metrô de São Paulo tem cada vez menos assentos

Quem usa o metrô paulistano diariamente, como eu, já deve ter percebido uma redução de assentos, tanto nas composições velhas quanto nas novas.
Mas o que parece acontecer é que, ao meu ver, isto se trata de uma artimanha do governo estadual para acabar com as grandes aglomerações nas plataformas. Assim, mais pessoas são transportadas pelos mesmos trens, mas em situação absolutamente desconfortável e deplorável. Tudo isso para tentar ludibriar a população e fugir de melhorar a infraestrutura de transporte urbano.
A redução de assentos é boa? Sim, com certeza, ajuda a caber mais pessoas no vagão. O que não podemos é aceitar, ficar concordando com a redução de assentos pois em breve todas as composições só terão assentos reservados, ao mesmo tempo em que os problemas no transporte público ficam para o próximo gestor do estado, postergando a solução.

Resolvi então verificar, de forma um tanto informal mas baseado em dados oficiais, como vem se desenvolvendo o Metropolitano de São Paulo.

O Metrô paulistano iniciou suas atividades em setembro de 1974 com 6,5 quilômetros de linhas.
Hoje, após 40 anos e 9 governadores, por falta de investimentos em sua malha ferroviária, seu atendimento é precário e insuficiente para uma população de quase 11,5 milhões de habitantes.

São Paulo foi governado nos últimos 20 anos pelo PSDB, o qual construiu apenas 30,4 quilômetros de trilhos, isto é, um aumento de aproximadamente apenas 70% com relação à malha encontrada quando subiu ao poder. Pode parecer bastante, mas há um agravante: em 1994, o sistema metroviário já estava muito defasado, como pode-se verificar nesta reportagem da Folha de São Paulo de 13/09/1994:

Matéria: Metrô de SP completa 20 anos em crise financeira

Por outro lado, o número de usuários aumentou mais de 90% no mesmo período:








O caos do trânsito, que sempre aterrorizou os paulistanos que se utilizam de coletivos ou de condução própria, pode ter feito com que uma parte destes migrassem para o uso de metrô, além do próprio crescimento da população (16%) e do aumento de pessoas no mercado de trabalho.
Mas o fato é que os governantes passam por aqui, eximem-se do problema ao promoverem pouco avanço na área e mesclando esta quase inércia a iniciativas paliativas, terminando seus mandatos sem responsabilizarem-se ou sem serem responsabilizados pela falta de investimentos no setor.

Bibliografia:

Secretaria de Transportes Metropolitanos: http://www.stm.sp.gov.br/index.php/quem-somos-27/metro
Acesso em 07/03/2014.

Folha de São Paulo On Line: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/1994/9/13/cotidiano/17.html
Acesso em 07/03/2014.

Biblioteca Virtual: http://www.bibliotecavirtual.sp.gov.br/saopaulo-governadores.php
Acesso em 07/03/2014.

Fundação SEADE - Informações dos Municípios Paulistas – IMP/2013: http://www.seade.gov.br/index.php?option=com_jce&Itemid=39&tema=5
Acesso em 07/03/2014.

Fundação SEADE - Anuário Estatístico do Estado de São Paulo - População, por Sexo, segundo Grupos de Idade - Município de São Paulo - 1994: http://www.seade.gov.br/produtos/anuario/index.php?anos=1994&tip=ment&opt=temas&cap=2&tema=dem#1
Acesso em 07/03/2014.