sexta-feira, 29 de agosto de 2014

VIVENDO E NÃO APRENDENDO?

A degradação de nossos mananciais, com a poluição e contaminação de todas as águas subterrâneas, rios e córregos paulistanos, enseja que o poder público busque novas alternativas de captação, sob pena de, se não o fizer imediatamente e vier a ocorrer nova estiagem crítica, esgotará totalmente os atuais reservatórios redundando em transtornos à população e gastos emergenciais sem precedentes.
Tomemos como exemplo o Sistema Cantareira, cuja falta de investimentos fez com que o governo do estado desembolsasse sem que houvesse previsão no orçamento isto é, "de uma hora para outra", mais de 80 milhões de reais na construção de obras emergenciais para captação do volume morto.

O tema "Abastecimento de Água" deveria ser primordialmente desenvolvido à partir de duas frentes, as quais demandam médio a longo prazo para conclusão:

a) Perdas físicas

Sabemos que há, atualmente, uma perda física de água de aproximadamente 40% nas velhas redes. Substituí-las por material mais moderno, prático e resistente como o PEAD seria necessário e ideal mas, mesmo adotando métodos não destrutivos, ainda demandará canteiros de obras pipocando por toda a cidade, desvio ou paralisação do trânsito, isto é, longo prazo.

b) Ampliação do sistema

A ampliação do sistema, com a construção de novos reservatórios, transposições, despoluição de rios e córregos, etc. também teria um horizonte de longo prazo, mas alcançaria resultados gradativos e mais imediatos, pois seria entregues à medida que fossem finalizados.

DRENAGEM DE ÁGUAS PLUVIAIS

A preocupação dos governantes sempre foi afastar as águas da chuvas o mais rápido possível, empurrando o problema para frente. Com a conquista da impermeabilização da cidade isto seria conseguido eficientemente, mas, se existissem galerias de águas pluviais rotineiramente limpas e que fossem eficientes ou suficientes, bem como bocas-de-lobo desimpedidas.
Some-se a isto as retificações, as canalizações e o assoreamento dos leitos de nossos córregos e rios cuja limpeza é precária... Alcançamos a fórmula das enchentes e inundações.

Vejamos agora esta notícia:



São louváveis tais obras da prefeitura de São Paulo visando a ampliação da capacidade de armazenamento das águas de drenagem. Os transtornos causados pelas fortes chuvas sobre esta cidade totalmente impermeabilizada justificam tais investimentos.
Porém, com toda a atual fragilidade de nosso sistema de abastecimento de água que veio à tona neste momento de seca histórica, esta seria uma excelente oportunidade para viabilizar o reúso das águas de drenagem, incrementando a ampliação do sistema comentada acima.

Adaptar este projeto incorporando-o a uma ETE (Estação de Tratamento de Efluentes) ao invés de continuar a devolver águas poluídas aos rios e córregos mortos da capital, iria minimizar a carga de DBO/DQO e inorgânicos que estes recebem principalmente na época de cheias, ou até mesmo a construção paralela de uma ETA, visando ao abastecimento local.

FINALIZANDO...

As pessoas precisam entender que atitudes sustentáveis precisam ser implementadas AGORA por parte de nossos governantes.
A despoluição de nossos rios e córregos, a substituição de nossas matrizes energéticas, a utilização de novas tecnologias ambientalmente corretas e, acima de tudo, a racionalização do consumo, são primordiais para que esta e as futuras gerações possam desfrutar de uma vida menos egoísta, com a inclusão de todos.


Até a próxima...

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

A falta de estudos e planejamento público e privado na implantação de novos empreendimentos residenciais, comerciais, industriais e agrícolas são os co-responsáveis pela atual situação hídrica.


Caros amigos, existe atualmente dois estudos que já deveriam fazer parte da grade curricular de cursos de graduação e pós ligados às Engenharias e Tecnologias de áreas Ambientais, Sanitárias, Produtivas e de Gestão, bem como de toda e qualquer secretaria ou órgão ligado a estas áreas: A Pegada Hídrica (Water Footprint) e a Água Virtual (Virtual Water).



Não se pode mais falar em mananciais, captação e tratamento de água considerando somente sua utilização como insumo ou matéria-prima nos processos de produção ou no consumo humano direto, conhecido como Água Virtual. Deve-se considerar que a água utilizada na produção de um produto acaba sendo "exportada" para outras localidades ou regiões. Esta é a Pegada Hídrica!!!

Por exemplo, uma empresa como a FEMSA de Jundiaí, cujo consumo de água para a fabricação de refrigerante (Coca-Cola) é de aproximadamente 2 litros/litro, distribui seu produto para todo o Brasil e ainda exporta seu concentrado para todo o mundo, principalmente Oceania. Portanto, quando a FEMSA distribui ou exporta seus produtos (refrigerantes, sucos, etc.), na realidade está exportando ÁGUA, que é captada em nossos mananciais e descartada fisiologicamente em outra região ou país, sendo tratada, devolvida à natureza mas abastecendo outros mananciais. O consumo de água mineral no Brasil é de 14 litros per capita, ou seja 2,8 milhões de m³ de água são deslocados anualmente de uma região para outra. Em Itabirito/MG, a previsão da nova fábrica FEMSA é de 2,1 bilhões de litros de refrigerantes por ano, ou seja, 4,2 milhões de m³ de água/ano(!!!).
Apliquem esses mesmos princípios à Ambev, à Schincariol, Nestlé, etc. e às suas indústrias de garrafas PET... Aplique-se esses estudos à empresas de outros ramos de atividades, como a Cia. Melhoramentos cuja fabricação de cada folha de papel A4 são necessários magníficos 10 litros de água (na irrigação e processo de produção, segundo aqueles estudos).
O que dizer então do nosso setor agrícola, o maior vilão no uso da água, cuja irrigação é responsável por cerca de 70% de toda a água consumida? Todas essas safras recordes que exportamos são, na verdade, recursos hídricos deixando nosso país.
Percebam que há muito tempo os países desenvolvidos reduziram drasticamente seus polos industriais e dedicam-se à produção de TECNOLOGIA, isto é, poluição e consumo de recurso quase ZERO. Estes ônus ficam por nossa conta, países em desenvolvimento onde indústrias e agricultura, juntos, consomem 90% de toda a água disponível, enquanto que os outros 10% ficam por conta de nossa população que não para de crescer.

Este conhecimento deveria obrigatoriamente fazer parte de estudos inter-secretarias públicas, Planos Diretores, Licenciamentos Ambientais, Outorgas, etc., sob pena de esgotarmos nossos recursos hídricos e ainda criarmos um abismo social onde apenas o cidadão com recursos financeiros terá acesso à água de qualidade.

Este assunto é IMENSO E COMPLEXO, não sendo este o lugar de dissertá-lo, mas ESTE É O MOMENTO. Estou à disposição para debatê-lo, trocar informações. Possuo algum material sobre Pegada Hídrica e Água Virtual. Havendo interesse basta contactar por aqui.

Um abraço e até a próxima!!!