quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Por quê racionar a água??

Aos olhos da população leiga paulistana, dizer que há um estresse hídrico, isto é, escassez de água, seria uma blasfêmia:

— Como assim escassez de água se todo ano sofremos com temporais e enchentes?

A cidade de São Paulo possui uma área de 1.523 km2, a qual recebe, anualmente, aproximadamente 1300 mm de chuva, quase 2 milhões de m3 de água precipitada, por ano.
O consumo de água é de 185 litros/habitante/dia. Como possui 11.316.149 de habitantes, temos uma média acima de 764 milhões de m3 de água consumida por ano. Com estes dados, e acrescentando alguns agravantes, fica mais fácil responder à pergunta anterior.

AGRAVANTES

- Não existe manancial de água natural bruta na cidade que possa ser tratada e distribuída. Todos os rios e córregos estão gravemente poluídos como, por exemplo, Tietê, Pinheiros e Tamanduateí, tornando inviável a captação de água.

- A água distribuída hoje é trazida desde Minas Gerais, percorrendo uma distância com mais de 100 km. Ainda que os rios da capital pudessem ser utilizados para o abastecimento, os habitantes consomem 382 vezes mais água do que a capacidade de recarga hídrica por meio das chuvas. A situação é tão crítica que outro sistema, distante mais de 70 km, está sendo construído para suprir o constante aumento da demanda.

- O caminho natural dessas águas, sem a impermeabilização, depura-a e filtra-a naturalmente. Os arruamentos, asfaltos e duplicações de avenidas ocasionam a impermeabilização do solo. Com isso, toda a água das chuvas que antes se infiltrava no solo e abastecia os lençóis freáticos e, consequentemente, os rios, agora são direcionadas às estações de tratamento de esgotos – ETE, ou são encaminhadas aos córregos e rios.
Isto significa duas péssimas notícias:
a) se despejados diretamente sem tratamento, arrastará para seus leitos toda a poluição contida no ar (poeira, gases, etc.) e nos asfaltos (borracha, óleos, resíduos orgânicos de animais e vegetais e toda a sorte de sujeiras descartadas no solo);
b) se direcionados às ETE’s, a recarga do corpo hídrico acaba não sendo feita, mas sim no canal mais próximo da estação.
Em rios como o Tietê, por exemplo, cuja poluição é difusa (isto é, a origem não é conhecida), não tem condições de se auto depurar, seja pela falta de recarga, seja pela recarga já poluída.

Então, o estresse é real. Se somarmos a tudo isso uma taxa de crescimento populacional de aproximadamente 1% a.a. (ao ano), serão 7,6 milhões de m3 de água a mais no consumo anual.

Devemos urgentemente reduzir o consumo de água:

a)      utilizando água de reuso para necessidades não nobres (lavar carros, calçadas, rega de plantas, descargas sanitárias, etc.;
b)      utilizando conscientemente este recurso mágico, sem desperdícios;
c)       implantando idéias de urbanização sustentável, (vide sugestão de links);
d)      reciclando materiais como plástico, alumínio, papel e vidro. Uma grande parte dos processos de fabricação desses materiais utilizam MUITA água. Na Reciclagem, uma parte do processo não se faz necessária, economizando matéria-prima e água.

Até mais!!