domingo, 18 de setembro de 2016

Vote pela Água

A crise hídrica de 2014 foi a pior já registrada na cidade de São Paulo. Obviamente, desde que as transformações mais profundas do planeta deixaram de ocorrer há bilhões de anos (ainda ocorrem em ínfima escala), provavelmente estiagens muito mais agudas aconteceram, somente não há registros pois estes só foram adotados no Brasil no início do século passado.
Hoje, passados pouco mais de 2 anos, o Sistema Cantareira voltou a ter o mesmo volume de 2013 à mesma época, sem considerarmos a “reserva técnica” (volume morto).
A imprensa vem veiculando isto como um fato positivo. A SABESP, por meio de sua área de comunicação, trata o assunto inclusive em tom de “desabafo” ao criticar que diversas pessoas foram alarmistas e que as previsões feitas por uma dezena de técnicos renomados seriam “esdrúxulas”. Mas na verdade, o que deixa claro é que durante o recebimento de críticas não houve sequer um técnico da empresa que viesse à público e afirmasse isso de forma tão categórica como agora, o que revela que as práticas então adotadas seriam muito mais “tiros no escuro” do que algo absolutamente consciente. Foram paliativos que, provisoriamente, deram certo. Mas o ponto mais crítico destas declarações, na verdade, não é o tal desabafo, mas sim a desinformação institucionalizada pela empresa. A figura 1 abaixo demonstra o que a empresa diz:



Porém, há informações que a empresa omite, ato este tão pernicioso quanto mentir, pois 2013 não pode servir como parâmetro de situação normalizada. Vejam na figura 2 que na mesma época, em 2012, 2011 e em 2010 os níveis eram muito maiores:




 Perceber-se-ia ainda que algo de errado poderia estar ocorrendo com o Sistema, pois se traçarmos um gráfico poderemos observar uma queda linear do volume armazenado. Mas este assunto sobre a inércia e, por isso mesmo, a responsabilidade da estatal e, por consequência, do governo do estado já foi anteriormente esmiuçado, comprovado, mas ninguém foi sequer chamado a prestar quaisquer explicações (veja uma postagem minha no link abaixo).


O tal desabafo da estatal é, portanto, precipitado e temerário. Mas estamos em época de eleições, no auge das campanhas eleitorais e talvez isto explique o motivo de tais declarações serem dadas neste momento. O que é muito mais preocupante. Neste último ano que se seguiu à estiagem, nada foi efetivamente realizado para que possamos evitar uma nova onda de calor e de falta de chuvas, além do mais seria negligência contarmos apenas com a tal reserva técnica caso outro estresse hídrico assole nosso país, principalmente considerando que a população da cidade de São Paulo ainda cresce, portanto, a demanda da população por água em 2013 não será a mesma demanda de 2017.

Cabe à nós, população com poder de voto selecionar, dentre os candidatos, os prefeito e vereadores que estejam conscientes da extrema importância que o assunto SANEAMENTO BÁSICO enseja. O chefe do executivo municipal deve estar alinhado com o problema e não pode mais permanecer conivente com a continuidade do descaso pelo qual nossas reservas hídricas são tratadas. Todos os mananciais paulistanos, por exemplo, encontram-se POLUÍDOS e nada vem sendo efetivamente realizado para reverter tal situação; o Projeto Tietê é uma máquina de devorar dinheiro.


No combate ao problema, encontrei uma iniciativa da Aliança pela Água chamado de #VotePelaAgua, cujo propósito é:

“Inserir o tema “água” no debate das eleições municipais de 2016. Tem abrangência nacional e duas frentes de participação: engajamento da sociedade civil organizada e comprometimento de candidatos com uma agenda de segurança hídrica municipal”.



A sociedade unida e por meio do voto pode transformar sua própria vida. Não é apenas ver um nome ou uma legenda e votar; deve-se procurar aqueles que estejam alinhados com aquilo que deve ser feito para sua cidade, resolvendo os problemas existentes, mas sempre de olho no futuro e não apenas no presente, o que, aliás, é prática mais comum dentre os políticos: abaixar a febre ao invés de curar a doença.

Saibam mais, informem-se sobre o manifesto. São alguns minutos que poderão trazer diferença para toda a vida:




Um abraço à todos.