A
crise hídrica de 2014 foi a pior já registrada na cidade de São Paulo.
Obviamente, desde que as transformações mais profundas do planeta deixaram de
ocorrer há bilhões de anos (ainda ocorrem em ínfima escala), provavelmente estiagens muito mais
agudas aconteceram, somente não há registros pois estes só foram adotados no Brasil no início
do século passado.
Hoje,
passados pouco mais de 2 anos, o Sistema Cantareira voltou a ter o mesmo volume
de 2013 à mesma época, sem considerarmos a “reserva técnica” (volume morto).
A
imprensa vem veiculando isto como um fato positivo. A SABESP, por meio de sua
área de comunicação, trata o assunto inclusive em tom de “desabafo” ao criticar
que diversas pessoas foram alarmistas e que as previsões feitas por uma dezena
de técnicos renomados seriam “esdrúxulas”. Mas na verdade, o que deixa claro é
que durante o recebimento de críticas não houve sequer um técnico da empresa
que viesse à público e afirmasse isso de forma tão categórica como agora, o que
revela que as práticas então adotadas seriam muito mais “tiros no escuro” do
que algo absolutamente consciente. Foram paliativos que, provisoriamente, deram
certo. Mas o ponto mais crítico destas declarações, na verdade, não é o tal desabafo,
mas sim a desinformação institucionalizada pela empresa. A figura 1 abaixo
demonstra o que a empresa diz:
Porém,
há informações que a empresa omite, ato este tão pernicioso quanto mentir, pois
2013 não pode servir como parâmetro de situação normalizada. Vejam na figura 2
que na mesma época, em 2012, 2011 e em 2010 os níveis eram muito maiores:
Perceber-se-ia
ainda que algo de errado poderia estar ocorrendo com o Sistema, pois se
traçarmos um gráfico poderemos observar uma queda linear do volume armazenado. Mas
este assunto sobre a inércia e, por isso mesmo, a responsabilidade da estatal
e, por consequência, do governo do estado já foi anteriormente esmiuçado, comprovado,
mas ninguém foi sequer chamado a prestar quaisquer explicações (veja uma postagem minha no link abaixo).
O tal
desabafo da estatal é, portanto, precipitado e temerário. Mas estamos em época
de eleições, no auge das campanhas eleitorais e talvez isto explique o motivo
de tais declarações serem dadas neste momento. O que é muito mais preocupante.
Neste último ano que se seguiu à estiagem, nada foi efetivamente realizado para
que possamos evitar uma nova onda de calor e de falta de chuvas, além do mais
seria negligência contarmos apenas com a tal reserva técnica caso outro
estresse hídrico assole nosso país, principalmente considerando que a população
da cidade de São Paulo ainda cresce, portanto, a demanda da população por água
em 2013 não será a mesma demanda de 2017.
Cabe à
nós, população com poder de voto selecionar, dentre os candidatos, os prefeito e
vereadores que estejam conscientes da extrema importância que o assunto
SANEAMENTO BÁSICO enseja. O chefe do executivo municipal deve estar alinhado
com o problema e não pode mais permanecer conivente com a continuidade do descaso pelo
qual nossas reservas hídricas são tratadas. Todos os mananciais paulistanos, por exemplo, encontram-se POLUÍDOS e nada vem sendo efetivamente realizado para reverter tal
situação; o Projeto Tietê é uma máquina de devorar dinheiro.
No combate
ao problema, encontrei uma iniciativa da Aliança pela Água chamado de
#VotePelaAgua, cujo propósito é:
“Inserir
o tema “água” no debate das eleições municipais de 2016. Tem abrangência
nacional e duas frentes de participação: engajamento da sociedade civil
organizada e comprometimento de candidatos com uma agenda de segurança hídrica
municipal”.
A
sociedade unida e por meio do voto pode transformar sua própria vida. Não é apenas
ver um nome ou uma legenda e votar; deve-se procurar aqueles que estejam
alinhados com aquilo que deve ser feito para sua cidade, resolvendo os
problemas existentes, mas sempre de olho no futuro e não apenas no presente, o
que, aliás, é prática mais comum dentre os políticos: abaixar a febre ao invés
de curar a doença.
Saibam
mais, informem-se sobre o manifesto. São alguns minutos que poderão trazer
diferença para toda a vida:
Um
abraço à todos.
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