terça-feira, 8 de julho de 2014

Produção e consumo - Verdades e mentiras convenientes

Considero o Aquecimento Global uma fraude. Em postagens anteriores deixei esta minha posição muito clara, juntamente com os motivos de minha descrença. Porém, algumas de suas supostas origens podem ser na realidade vilã em outros aspectos.

Observando os sistemas de produção e consumo conclui-se que muitos desequilíbrios ambientais antrópicos têm grandes possibilidades de transformar nosso planeta em um lugar inóspito ou, para dizer o mínimo, poderão impedir que nossas futuras gerações tenham algum conforto ou facilidade, restando-lhes apenas sobreviver. Por exemplo, poderá haver o desabastecimento geral com o esgotamento de recursos naturais não renováveis, tais como a água potável, o solo cultivável e os minérios. Isto sim é possível.
Ademais, o aquecimento Global é uma vedete: Leis são criadas, como a 12.187 de 2009 que instituiu a Política Nacional sobre Mudanças Climáticas, superproduções cinematográficas, como O Dia Depois de Amanhã, são sucesso de bilheteria, porém não existem campanhas tão massivas contra o CONSUMISMO.

A degradação do meio ambiente, a extração desenfreada de recursos naturais e a utilização precária de mão-de-obra, esta última em sua grande maioria com salários indignos ou até mesmo fazendo uso de trabalho semi-escravo ou escravo desempenhados inclusive por crianças, são resultados do estímulo da moda, do mercado e da propaganda os quais criam carências, desejos e necessidades sociais efêmeras e fúteis, orquestrados pelos grandes empresários na busca por maiores e melhores retornos financeiros.

Por falar em empresários, uma reportagem veiculada em 06.07.2014 no programa Repórter Eco da TV Cultura, o presidente do CEMPRE (Compromisso Empresarial Para Reciclagem), Victor Bicca Neto, afirma que a adesão à Política Nacional de Resíduos Sólidos por parte deles (empresários) é precária, principalmente com relação à Responsabilidade Compartilhada e à Logística Reversa, pois há a necessidade de revisão da tributação tanto dos resíduos como matéria-prima quanto dos produtos com eles produzidos, criando uma tributação diferenciada.

Sob este contexto observamos que:

- As leis ainda são os principais motivadores da consciência ambiental;

- Os empresários não possuem iniciativa ambiental própria, a menos que esta resulte em aumento de vendas (lucro) ou em redução de custo (lucro);

- Empresas como a Coca-Cola e a Ambev, por exemplo, com belíssimos empreendimentos ambientais e hipnóticas campanhas publicitárias não possuem qualquer responsabilidade social ou de saúde pública sobre os efeitos colaterais de seus produtos. Ficarmos batendo palmas porque sua garrafa PET possui uma pequena porção de PET reciclado não minimiza sua gigantesca responsabilidade sobre o consumo de um produto extremamente desnecessário à vida humana;

- Necessária se faz uma revisão desta bitributação visando incentivar os empresários a adotarem a reciclagem e o reaproveitamento sem que haja o repasse dos custos para os preços dos produtos, contanto que sejam beneficiadas com isenção e/ou redução as empresas que, em contrapartida, mantiverem apoio às pesquisas científicas de sustentabilidade continuada e de saúde pública, esta última no sentido de promover a redução do consumismo patológico;

- Empresas de tabaco são, além de tudo, cínicas, tal como a Cia. Souza Cruz que possui uma seção em seu sítio sobre suas ações na área de sustentabilidade, bem como possui também uma seção com vários textos sobre os malefícios do cigarro (mea culpa) e cujas veiculações de propagandas foram proibidas porque induziam ao consumo, sendo que o cigarro é OFICIALMENTE prejudicial à saúde (basta ver os avisos nos maços de cigarros). Com todas essas restrições, impostas a uma empresa ré confessa, o que falta para banir o fumo de nosso país?

- A China é o maior fabricante e exportador mundial de produtos baratos e sem qualidade;

- Anualmente são lançados dezenas de modelos de celulares, smartphones, notebooks e tablets cujas novas funcionalidades são absolutamente supérfluas ou uma versão melhorada daquela já existente antes;

- Cabe ao governo fiscalizar e aplicar o Código de Defesa do Consumidor, a Lei de Crimes Ambientais ou outras leis acessórias, punindo os abusos, as práticas de cartel, as propagandas enganosas ou as que fazem apologia aos benefícios, vantagens ou poderes de determinado produto, natural ou artificial, que não possui qualquer destes atributos, bem como cabe à sociedade denunciar tais práticas e levar a público suas denúncias.


Tenho certeza de que várias pessoas tachar-me-ão de exagerado, beato ou pudico, cuja vida deve ser sem graça... Ledo engano, pois sou um agnóstico deísta, adoro uma boa cerveja e um bom uísque 12 anos (ou mais velho), não dispenso um bom churrasco e uma boa massa, tudo sem exageros, claro.
Portanto, da mesma forma que há sete anos deixei de fumar por livre e espontânea vontade, sem clínicas, tratamentos ou adesivos milagrosos, vício este que me acompanhou por 26 anos, posso reduzir ou até mesmo abdicar de alguns prazeres caso isto seja preponderante para a perpetuação de nosso ecossistema.


Os recursos do planeta não são infinitos. Hoje, 80% de seus habitantes consomem apenas 20% do total de recursos naturais explorados no mundo, enquanto que as outras 20% dos habitantes são responsáveis pelo consumo de 80% dos recursos. Mais de um bilhão de pessoas passam fome ou não têm acesso ao saneamento básico, enquanto todos os demais seres humanos já consomem 10% além da capacidade de auto-regeneração dos recursos naturais do planeta. Se todos os excluídos fossem incluídos e passassem a consumir como os norte-americanos, por exemplo, precisaríamos de mais quatro planetas. Portanto, ou fazemos nossa parte ou continuamos neste consumismo desenfreado, fazendo com que as próximas gerações juntem-se à estes mais de um bilhão de pessoas, unidos pela fome, pela miséria e pelas guerras.

Para fazermos nossa parte não é preciso se autoflagelar ou sofrer privações. Basta consumir com consciência, ter personalidade para recusar superficialidades, sabermos discernir quais pessoas nos reconhece pelo que somos, por nossas iniciativas, por nossa moral e não pelo que vestimos, pelo carro que desfilamos ou pelo celular que ostentamos.

Como diria John Lennon: “...and the world live be as one”


Próxima postagem: Compostagem caseira


Links:

Repórter Eco / TV Cultura

Cia. Souza Cruz - Sustentabilidade

Cia. Souza Cruz - Fumo e Saúde

Mundo Educação - Consumismo

Agência Brasil - Consumo ultrapassou capacidade de renovação que a Terra poderia oferecer em 2013


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