terça-feira, 5 de março de 2013

Usinas Hidrelétricas: males necessários?

Este é o ponto de vista ambiental.

Entre todas as formas de geração de energia elétrica, as usinas hidrelétricas são aquelas que, DURANTE SUA OPERAÇÃO, causam menos impactos ambientais e geram a energia mais limpa. Mas o impacto gerado quando de sua construção é gigantesco, ao ponto de mudar totalmente todo o ecossistema da região.
A inundação de uma grande área sobre nichos ecológicos faz com que as espécies ali nativas migrem (fauna) ou deixem de existir (flora), portanto este bioma ficará desequilibrado devido à ausência de espécies, enquanto que o bioma para onde algumas dessas espécies migrarão também se desequilibrará.
Por outro lado, em seus arredores são construídas centenas de casas com infraestrutura, saneamento, etc. para receber as famílias de todas as pessoas envolvidas durante a construção, estrutura esta que, fatalmente, irá permanecer e receber mais pessoas com o passar dos tempos.
O ciclo hidrológico também é diretamente afetado, uma vez que o rio principal (talvegue) tem seu curso interrompido e uma área extensa é inundada, com um volume imenso de água reservado. O solo do reservatório permanecerá submerso, diferentemente de suas origens, e a evapotranspiração ocorrerá de forma diferente, pois a área do reservatório será muitas vezes maior do que a área do rio (maior evaporação) e não mais haverá a vegetação e as árvores de antes (transpiração); em consequência, as chuvas terão outra postura, seja de frequência, seja de intensidade. A bacia terá outra postura, afetando inclusive as bacias vizinhas.

Este é o ponto de vista sócio-econômico.

Hoje no Brasil, mais de 53 milhões de pessoas (27,3%) vivem com até 1 salário mínimo, sendo que 16 milhões destas vivem em extrema pobreza.
O PIB (Produto Interno Bruto) é um dos principais indicadores de uma economia. Ele revela o valor de toda a riqueza gerada no país. De acordo com o IBGE, o PIB cresceu 0,9% no ano passado, muito abaixo das previsões. Porém, de acordo com especialistas, há perspectivas de recuperação da economia brasileira.
Para que aquelas pessoas acima mencionadas deixem de ser sobreviventes e integrem a sociedade, somente há duas possibilidades: 1) ou as pessoas com vida mais estável doam parte daquilo que têm ou recebem àqueles menos favorecidos; 2) ou o país cresce, aumentando as exportações, aquecendo o comércio interno, investindo em infraestrutura e gerando empregos. Como é improvável considerar a primeira opção, resta-nos aquecer a economia.
Aumentar exportações, aquecer o comércio interno, investir em infraestrutura; para todos esses fatores, será necessário, obviamente, produzir mais energia. Não possuímos tecnologias nem recursos financeiros que possibilite a construção de usinas eólicas ou solares menos impactantes porém menos eficientes. Mas o país tem um potencial hidráulico gigantesco para gerar energia elétrica à partir dos desníveis de nossos corpos d'água. Mais de 95% de toda energia produzida no país advêm das usinas hidrelétricas, que é, portanto e por enquanto, nossa única opção.

O impasse é: deixamos de construir novas usinas e conservamos a natureza intacta, deixando de injetar bilhões de dólares no país e deixando de incentivar as pesquisas em novas tecnologias mais limpas e sustentáveis, condenando ainda milhões de pessoas à marginalidade e, quem sabe, à morte, ou construímos novas hidrelétricas, aceleramos a economia, incluímos socialmente as pessoas mas desequilibramos ainda mais nosso ecossistema para depois tentar reverter a situação ambiental?

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